O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, admite que a geringonça se possa manter depois das próximas eleições legislativas, em outubro, e não descarta a possibilidade de que BE e PCP venham a formar Governo com o PS. Na entrevista dada ao Público e Renascença, Duarte Cordeiro, também critica a forma como o PSD e CDS lidaram com a questão da contagem integral do tempo dos professores.

“Eu acho possível que uma solução que funciona possa continuar. Esta solução têm-se mostrado estável, positiva para os portugueses, tem melhorado a vida das pessoas”, diz Duarte Cordeiro sobre a solução governativa das esquerdas. “Se todos quiserem há condições para a continuação. Todas as outras [soluções] devem ser consideradas em função da vontade dos partidos e da conjuntura.”

Duarte Cordeiro critica os partidos da oposição porque, “aparentemente, é possível tudo e o seu contrário por parte do PSD e do CDS”. Para o secretário de Estado, a votação e as declarações na Comissão de Educação sobre a recuperação do tempo integral dos professores foram claras — o que levou o primeiro-ministro a ameaçar que se demitia —, por isso não entende como é que Rui Rio fez outra interpretação das declarações.

Sobre a ameaça de demissão, Duarte Cordeiro diz que “o primeiro-ministro afirmou uma posição de princípio sobre as condições de governabilidade”, por considerar que incluir esta despesa adicional não permitiria respeitar os compromissos assumidos no Orçamento do Estado. E acrescenta: “Nós não vamos conseguir recuperar todo o tempo para todas as pessoas relativamente a tudo o que nós perdemos no período da troika”.

Outro ponto de conflito entre os partidos, sobretudo para aqueles que compõe a geringonça, é a Lei de Bases da Saúde. Mas o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares não aceita falar em crise, chama-lhe antes divergência. Uma divergência que considera que não vai minar as relações com o BE e o PCP, acrescentando que o diálogo ainda não está fechado.

Na entrevista, Duarte Cordeiro afirma ainda que não se vê como candidato a líder do PS e que está entre o grupo de socialistas que “tem feito uma apreciação positiva” da ação do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

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