O Presidente da Venezuela acusou esta quinta-feira Washington e Bogotá de estarem a preparar “um plano miserável” para acabar com o seu Governo e ordenou o reforço da segurança na fronteira com a Colômbia.

“Há uma escalada de declarações, de falsidades, que podem terminar numa escalada militar. Vamos reforçar a fronteira (…) querem justificar uma intervenção militar estrangeira. Assim o denuncio”, declarou Nicolás Maduro, numa intervenção transmitida em simultâneo e de maneira obrigatória pelas rádios e televisões venezuelanas.

Maduro acusou o Presidente colombiano, Iván Duque, de “estar ao serviço” da Administração norte-americana de Donald Trump e de “estar a preparar uma agressão” contra a Venezuela. “Queremos a paz, mas a forças militares estão preparadas para defender a Venezuela, quando for e onde for”, frisou.

O Presidente venezuelano disse que a segurança na fronteira com a Colômbia foi reforçada e pediu aos militares venezuelanos para se manterem em “alerta máximo”.

Apesar de a Colômbia e a Venezuela terem uma fronteira comum de cerca de 2.200 quilómetros, o Governo de Duque, no poder desde agosto passado, não mantém relações diplomáticas com Caracas.

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Nicolás Maduro sublinhou que as Forças Armadas Bolivarianas venezuelanas “estão unidas”, apesar do apelo feito na terça-feira pelo vice-Presidente norte-americano, Mike Pence, para que os oficiais venezuelanos desconheçam o regime de Caracas, em troca do fim das sanções impostas pela Casa Branca.

“Não, Mike Pence, o comandante e chefe constitucional, legítimo das nossas Forças está aqui e chama-se Nicolás Maduro (…) e as FAB estão coesas, unidas e leais, perante o comandante e chefe e perante a estrutura nacional do nosso conceito e doutrina estratégica bolivariana”, disse.

Na segunda-feira, Pence anunciou o fim das sanções impostas ao general Manuel Ricardo Cristopher Figuera, que dirigiu os serviços secretos venezuelanos até 30 de abril último.

O levantamento das sanções teria por base um alegado apoio de Manuel Ricardo Cristopher Figuera ao presidente do parlamento venezuelano, o opositor Juan Guaidó.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder do Assembleia Nacional (AN, dominada pela oposição), Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente interino e prometeu formar um Governo de transição e organizar eleições livres.

Guaidó, de 35 anos, contou de imediato com o apoio de mais de 50 países, incluindo os EUA e a maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, que reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.

Nicolás Maduro, de 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada por Washington.

À crise política na Venezuela soma-se uma grave crise económica e social, que já levou mais de 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, indicaram dados da ONU.

Deputado José Guerra. Na Venezuela um terço das pessoas não tem o suficiente para comer