A Itália confirmou esta sexta-feira que um venezuelano de origem italiana, Americo De Grazia, membro da Assembleia Nacional (AN) da Venezuela, controlada pela oposição do país, se refugiou na residência do embaixador italiano em Caracas.

O governo italiano disse que, ao receber De Grazia em sua residência (na quinta-feira) em Caracas, a Itália estava a agir “em total conformidade com as convenções diplomáticas”.

De Grazia é um dos vários membros da oposição que se refugiaram em instituições diplomáticas perante uma repressão contra os líderes oposicionistas, que estão em campanha para derrubar o Presidente de facto, Nicolas Maduro.

O governo de coligação de direita de Itália declarou-se neutro em relação à crise venezuelana.

Na quarta-feira, o vice-presidente da AN, Edgar Zambrano, foi detido por funcionários do Serviço Bolivariano de Inteligência da Venezuela (Sebin, serviços secretos) quando se encontrava dentro do seu carro, à porta da sede do partido Ação Democrática, em Caracas.

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Deputados opositores venezuelanos refugiam-se nas embaixadas de Itália e da Argentina

Na quinta-feira, os deputados opositores venezuelanos Mariela Magallanes e Richard Blanco, acusados de rebelião, informaram que se refugiaram nas embaixadas da Itália e da Argentina, respetivamente, na sequência do levantamento da sua imunidade parlamentar.

Na sexta-feira passada, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) venezuelano acusou o vice-presidente da AN dos crimes de traição à pátria e conspiração, por ter apoiado uma tentativa de golpe de Estado contra o Presidente do país, Nicolás Maduro.

O STJ acusou quarta-feira três deputados opositores de “traição à pátria e conspiração”, elevando para 10 o número de parlamentares acusados por estes mesmos delitos.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da AN, Juan Guaidó, autoproclamou-se Presidente interino e prometeu formar um Governo de transição e organizar eleições livres.

Guaidó, de 35 anos, contou de imediato com o apoio de mais de 50 países, incluindo os EUA e a maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, que reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.

Na madrugada de 30 de abril, um grupo de militares manifestou apoio Juan Guaidó, que pediu à população para sair à rua e exigir uma mudança de regime.

Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.