Foram detetados mais cinco vídeos gravados no interior de três prisões diferentes e divulgados posteriormente em redes sociais. Ao que o Observador apurou, dois vídeos foram filmados no Estabelecimento Prisional (EP) de Izeda, concelho de Bragança, dois no EP da Carregueira, em Sintra, e um outro no EP de Pinheiro da Cruz, em Grândola.

Contactada pelo Observador, fonte da Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) anunciou que irá sancionar “os reclusos envolvidos” — sanções que poderão ir, “consoante o grau de participação da cada um no ilícito disciplinar, até ao internamento em regime de segurança, como tem acontecido em todas as situações anteriores”.

[Os novos vídeos gravados por reclusos em 3 prisões]

Num dos dois vídeos gravados no interior da cadeia de Izeda, aparecem dois reclusos, numa cela. Um deles está de tronco nu, a dançar ao som de uma música que se ouve nas filmagens. Outro está sentado na cama a mexer num telemóvel e, pelo que é percetível sobre o que vai dizendo, está a fazer uma chamada com alguém que se encontra no exterior da prisão. “As pessoas ainda estão acordadas. Mais um bocado e eu vou dormir. Podes ficar aí um bocado e, quando chegares a casa, a gente fala como falamos sempre (…). Estou numa cela que tem mais gente. Não vou estar a mandar todo o mundo ficar calado”, diz. O outro vídeo filmado na mesma prisão, com pouco mais de 20 segundos, mostra um recluso que se filma a ele próprio.

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Já nos dois vídeos gravados do interior da prisão da Carregueira, os reclusos filmam uma fogueira em cima de uma bancada que aquece um recipiente de metal onde estão a cozinhar. “Esse comer aqui vale uma fortuna, dentro da cadeira“, diz um dos intervenientes.

Outro vídeo, de quase um minuto, gravado na prisão de Pinheiro da Cruz, mostra um recluso a ser filmado por outro que lhe vai indicações sobre como posar para as filmagens: “Faz peito ou bícep”, “encolhe a barriga” ou, até, “sorri que elas ficam loucas”.

Vários casos têm vindo a ser denunciados nos últimos meses

É mais um caso entre outros conhecidos nos últimos meses e que são a prova de que os reclusos têm acesso a telemóveis dentro das cadeias. Ainda esta segunda-feira, veio a público um vídeo gravado por oito reclusos no interior no Estabelecimento Prisional de Leira Jovens (EPLJ). O vídeo, ao qual o Observador teve acesso, foi publicado no início do mês de maio e mostra vários reclusos no interior de uma cela a cantar e a dançar. Nas filmagens, inicialmente divulgadas pelo Correio da Manhã, é ainda possível ver um recluso a enrolar um cigarro e a fumá-lo de seguida.

Questionada pelo Observador, DGRSP anunciou que iria sancionar os envolvidos. Esta terça-feira, foram realizadas buscas no EPLJ ordenadas pelos Serviços Prisionais, a fim de apreender os telemóveis que possam ter sido usados nas filmagens, mas não foram encontrados quaisquer aparelhos, apurou o Observador.

Reclusos que gravaram vídeo no interior da prisão de Leiria serão sancionados

Em fevereiro deste ano, a transmissão em direto, no Facebook, de um festa de aniversário dentro da prisão de Paços de Ferreira, levou mesmo à demissão da diretora daquele estabelecimento prisional, Maria Fernanda Monteiro Barbosa. À data, a DGRSP instaurou “um inquérito interno, a cargo do Serviço de Auditoria e Inspeção, e coordenado por um procurador”. Numa busca realizada depois do caso ter sido conhecido, foram apreendidos 79 telemóveis, tabaco e droga.

Menos de um mês depois, dois reclusos do Estabelecimento Prisional de Vale De Judeus foram filmados a realizar um combate de boxe ilegal. No final de abril, outra transmissão em direto do uma festa, desta vez no Estabelecimento Prisional do Linhó — e onde se via um recluso a cortar o cabelo a outro com uma tesoura. Mas muitos casos não chegam a vir a público. Diariamente, são feitas publicações nas redes sociais, a partir do interior das prisões, por parte de reclusos.

Como entram 100 gramas de droga (ou cinco telemóveis) nas prisões? “Fácil”