Está prestes a chegar ao nosso país o novo Range Rover Evoque, a segunda geração do SUV que surgiu em 2011, ano em que salvou a Land Rover, e a Range Rover por tabela, a braços com quebras no volume de vendas. Mais do que um novo SUV, o primeiro Evoque mostrou o rumo que a marca deveria adoptar para ter sucesso, que passava por conciliar as tradicionais excelentes aptidões para circular fora de estrada, a um design, na opinião de muitos, perfeito. Passados oito anos de bons serviços, o Evoque regressa com a segunda geração com o objectivo de elevar ainda mais a fasquia.

Se o compacto Evoque abanou o mercado em 2011, o Range Rover Velar, que surgiu em 2017 com dimensões mais generosas, elevou ainda mais a fasquia ao apurar as formas e refinar o conceito. Pois bem, o novo Evoque pega nos ensinamentos e soluções estéticas do Velar, com 4,8 metros de comprimento, e adapta-os aos seus 4,3 m, surgindo como um pequeno Velar.

Apaixonante à primeira vista, foi concebido sobre a plataforma Premium Transverse Architecture, o que lhe permite ser 13% mais rígido face à primeira geração e ter mais 2,1 cm na distância entre eixos, diferença que vai assegurar um pouco mais de espaço para as pernas de quem se senta atrás. Isto sem perturbar as dimensões totais do SUV, que continua com um comprimento total de 4,371 metros (apenas mais 1 mm do que anteriormente) para que o trânsito citadino não lhe meta medo. Mas os estilistas da marca ainda tiveram tempo – e dinheiro – para se deliciarem com pormenores como as pegas das portas escamoteáveis, que recolhem quando não estão a ser utilizadas para melhorar a aerodinâmica.

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Como é por dentro?

Se o novo Evoque retoma as soluções estéticas do Velar por fora, por dentro repete a receita. Os materiais melhoraram, bem como a montagem, que agora parece mais sólida, não tendo produzido quaisquer ruídos parasitas no percurso que realizámos nos arredores de Hamburgo, mesmo durante a transposição de obstáculos de todo-o-terreno artificial. Mas o Evoque sempre deu preponderância ao estilo e é aqui que o modelo britânico continua a impor os seus trunfos, com um tablier ao estilo Velar, com uma linha muito clean, inclinada para reforçar a sensação de espaço interior e com dois ecrãs ao centro, sobrepostos, a partir dos quais se controla todo o veículo.

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Os bancos à frente proporcionam um apoio correcto ao corpo, sejam eles revestidos a pele ou tecido, o que apreciámos quando submetíamos o SUV a inclinações laterais de 33º, mas é atrás que se notam os maiores ganhos. Em espaço para as pernas, mantendo-se igual em largura e em altura, apesar de o novo Evoque ser ligeiramente mais baixo.

Atrás, a bagageira pareceu-nos mais fácil de arrumar, com a Range Rover a reclamar mais 10% de espaço. Mas o novo modelo oferece contudo um curioso sistema que permite ao condutor continuar a ver para trás, através do retrovisor interior, mesmo quando os volumes na mala lhe obstruem a visão. O truque reside na possibilidade de, accionando um botão, o retrovisor passar a exibir a imagem captada pela câmara colocada em cima do tejadilho, junto à antena.

Há novidades nos motores?

Há e bastantes. O novo Evoque continua a oferecer motores diesel – o 2.0 nas versões com 150 cv, 180 cv e 240 cv, sendo que apenas o primeiro é proposto com apenas tracção à frente e, logo, com a possibilidade de ser Classe 1 nas portagens (com Via Verde). Em alternativa ao gasóleo, o SUV inglês disponibiliza mecânicas a gasolina, todas com sistema 4×4 (Classe 2), recorrendo ao 2.0 nas versões de 200 cv, 250 cv e 300 cv.

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Mas estes motores a gasolina revelam-se bastante interessantes, pois estão equipados com um sistema mild hybrid (ou híbrido ligeiro, ao não conseguir deslocar o veículo em modo exclusivamente eléctrico), com recurso a um pequeno motor eléctrico (que faz igualmente de motor de arranque e alternador) associado a uma bateria de 48V, o que desde logo lhe abre a porta para as vantagens fiscais. Além destas, o condutor usufrui ainda das vantagens do sistema de 48V, que permite “andar à vela” sempre que desacelera antes de parar, para depois contar com a potência da unidade eléctrica, como reforço do motor a gasolina sobrealimentado, sempre que acelera, poupando mais uma vez no consumo.

Se este mild hybrid ajuda, o empurrão maior vai acontecer em 2020, quando passar a estar disponível o Evoque híbrido plug-in (PHEV). Este vai conciliar um motor 1.5 turbo a gasolina de 200 cv, com apenas três cilindros, a um eléctrico com 109 cv, alimentado por um acumulador de 11,3 kWh, o suficiente para lhe assegurar 50 km em modo 100% eléctrico. Após esta distância inicial, o SUV continuará a funcionar como híbrido, com uma mais generosa redução no consumo, especialmente em regime urbano.

E continua a ser um SUV eficaz em TT?

Sim. O novo Evoque está disponível com caixa manual de seis velocidades ou, em alternativa, uma automática de nove relações, com conversor de binário e produzida pela ZF. Em termos de sistema 4×4, o mais pequeno dos Range Rover não brinca em serviço e oferece dois, o Driveline Disconnect e o Active Driveline. Se o primeiro oferece a vantagem de desligar a tracção traseira em estrada, reduzindo o consumo, o segundo é mais sofisticado e eficiente, estando por isso reservado às versões mais possantes.

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Mas a Range Rover – e a casa-mãe Land Rover – possui grande tradição no todo-o-terreno (TT) e o Evoque é um descendente à altura. Numa pista construída no porto de Hamburgo, o SUV demonstrou uma agilidade ímpar, especialmente a versão equipada com Active Driveline, que recorre a duas embraiagens electro-hidráulicas para controlar separadamente cada uma das rodas traseiras. Possui ainda sistemas como o Terrain Response 2, a nova versão do dispositivo que adapta motor, caixa (só com a ZF automática), sistema 4×4 e ajudas à condução ao tipo de piso, possuindo ainda programas pré-definidos que vão do Conforto, Areia, Erva/Gravilha/Neve, Lama e Auto.

O novo Evoque melhora ainda nos ângulos de TT, especialmente na capacidade de lidar com água até 60 cm de profundidade, mais 10 do que anteriormente, possuindo ainda soluções como o Clear Sight Ground View, ideal para se ver por onde estão a passar as rodas, pois projecta no ecrã uma imagem em que “faz desaparecer” o carro, para serem visíveis exclusivamente as rodas. A animação é conseguida graças a três câmaras colocadas na grelha, a que se juntam as duas nos retrovisores exteriores.

O novo Evoque será introduzido no mercado nacional em Maio, com a versão mais barata a ser a P200 a gasolina, com sistema AWD, proposta por cerca de 54 mil euros por usufruir dos incentivos atribuídos aos híbridos (os valores estão em processo de homologação). O 2.0 turbodiesel de 150 cv com tracção à frente chegará apenas em Setembro, mas até lá a versão 4×4 será comercializada por aproximadamente 55 mil euros.