O recluso mais velho do país, que aos 89 anos foi condenado a quatro anos e nove meses de prisão por ter morto o genro, a quem culpava pela morte da filha, vai cumprir pena num lar da Santa Casa da Misericórdia, avança o Correio da Manhã. Manuel Garcia confessou ter morto a tiro o marido da filha, que se tinha suicidado num alegado cenário de violência doméstica. Saiu da prisão e foi transferido para um lar na terça-feira, onde deve utilizar uma pulseira eletrónica.

O homem de 89 anos foi condenado em março a um crime de homicídio simples agravado pela utilização de arma, no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Norte, em Loures. Tornou-se assim no recluso mais velho do país. O tribunal absolveu-o do crime de homicídio qualificado, do qual era acusado pelo Ministério Público, por ter sido provado que o próprio Manuel Garcia era vítima de violência por parte do genro e que agiu num “contexto muito específico e invulgar” de “desespero”.

Manuel tornou-se o recluso mais velho do país, aos 89 anos. Foi condenado a 4 anos e 9 meses de prisão pela morte do genro

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À época, o Ministério Público pedia de entre 14 e 15 anos de prisão efetiva para o homem. Agora, segundo o Correio da Manhã, pede 17 por um crime de homicídio qualificado ou então uma pena de 11 anos — em vez de quatro anos e nove meses — pelo crime de homicídio simples pelo qual Manuel Garcia foi condenado. O recurso já terá sido enviado para o Tribunal de Loures, noticia o Correio da Manhã.

Entretanto, o advogado de Manuel Garcia também interpôs um recurso a pedir uma pena suspensa para o recluso mais velho do país. No dia em que a sentença foi conhecida, José Castelo Filipe confessou que a pena aplicada “foi mais baixa do que se estava à espera”. No entanto, Manuel Garcia não estava satisfeito: “Estava à espera de ir para um lar e não que tivesse de cumprir a pena no Estabelecimento Prisional de Lisboa”. Agora, as expetativas de Manuel vão ser cumpridas.

Recluso mais velho do país recorreu da pena para ser transferido para um lar

António Veríssimo foi morto pelo sogro, Manuel Garcia, na noite de 6 de julho de 2018, quatro anos depois da morte da mulher. A vítima era acusado de violentar a mulher, algo que a terá levado a tirar a própria vida. No entanto, as versões são contraditórias, já que os jornais locais noticiaram a morte da mulher como tendo acontecido na sequência de um ataque cardíaco. Ainda assim, Manuel sempre culpou o genro pela morte da filha e quis vingar-se.

Após a morte da filha, António Veríssimo mudou-se para a casa dos sogros e a relação começou a deteriorar-se ainda mais. Manuel e a mulher, que está acamada por causa de um cancro, seriam vítimas de “grande agressividade verbal e mesmo física”. Foi essa a motivação para que o homem de 89 anos disparasse dois tiros de caçadeira que vitimaram António Veríssimo. Manuel confessou o crime e cumpria agora pena no Estabelecimento Prisional de Lisboa. Esta terça-feira, no entanto, foi levado para um lar.