Uma “experiência surreal”. Foi assim que o artista Chris Levine resumiu à revista Tatler esse encontro único com a soberana britânica que resultou numa das imagens mais icónicas de Isabel II. Um trabalho recheado de casualidades, e que contou com uma série de detalhes na sua preparação — tudo para criar ambiente e deixar a modelo mais à vontade.

Foi em 2004 que Levine foi incumbido pelo Jersey Heritage Trust de conceber um retrato da monarca, no sentido de marcar os 800 anos de uma aliança entre a ilha de Jersey, situada entre Inglaterra e França, e a Coroa. “Equanimity” foi o título escolhido para acompanhar a inusitada obra, que em 2011 seria apresentada ao público na National Portrait Gallery. No ano seguinte, prestou-se a uma nova interpretação, agora sob o rótulo “The Diamond Queen”, que incluiu mais de mil diamantes, numa parceria com a os mestres joalheiros londrinos Asprey. A imagem surgiria ainda num selo e numa nota de Jersey em formato holográfico.

A série “Equanimity” compreende ainda um dos momentos mais inesperados, aquele em que a rainha surge de olhos fechados, um trabalho que acabou por passar à posteridade com o título de ‘Lightness of Being’. Mas o mais curioso é agora revelado pelo fotógrafo, que confessou ter recorrido a incenso no estúdio, comprado numa loja do Soho para compor o ambiente em estúdio, entre outros pormenores.

Uma imagem do cartaz da exposição na National Portrait Gallery, em Londres, em 2012

Foi numa das inúmeras divisórias do palácio Buckingham que decorreu a sessão em causa, “convertida numa Tardis”, numa alusão à popular máquina do tempo da série Dr Who. “Tinha as cortinas para baixo, incenso a queimar e um crucifixo ultravioleta que lhe pedi para fixar enquanto tirava as fotos. Quis transportá-la para uma outra dimensão”.

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O artista trabalhou em parceria com a stylist pessoal de Isabel II, Angela Kelly, de forma a chegarem ao look perfeito para obter este efeito. “Perguntaram-me se precisava mesmo da coroa. Parece que na altura havia um problema de segurança porque George Bush estava instalado no palácio…ainda bem que disse que sim”.

Levin recorda em particular a imagem que surgiu totalmente fruto do acaso, devido ao excesso de luz, e que o fotógrafo haveria de descobrir no seu disco rígido apenas uns anos mais tarde depois dessa data. “Em trinta segundos apliquei um filtro e aquilo saltou-me imediatamente à vista. Teve de facto um impacto por todo o mundo”. Para a história passa também o uso de um dos instantes desta série na capa da revista Time, em 2012.

Em conversa com a imprensa na loja de luxo Fortnum and Mason, onde a imagem estará exposto até 6 de junho, juntamente com retratos de Kate Moss ou Paul Smith, o fotógrafo conta ainda como apostou na meditação para promover uma sensação de tranquilidade.

Chris estuda técnicas científicas para aplicar as lições em peças únicas como esta. Quanto a trabalhos futuros, podem contar com uma espetáculo de luz e laser para a edição 2020 do famoso Festival de Glastonbury.