A maioria dos partidos que concorrem às eleições europeias não apoia a atuação e manutenção de Mário Centeno na presidência do Eurogrupo e só o PS e o PDR são entusiastas da sua continuidade no cargo.

Estas posições foram assumidas em resposta a um questionário que a agência Lusa enviou às 17 listas concorrentes às eleições de 26 de maio para o Parlamento Europeu, ao qual PNR, PTP e PURP não responderam, este último em protesto pelo tratamento desigual que alega receber da comunicação social.

O atual ministro das Finanças português foi eleito presidente do Eurogrupo em 04 de dezembro de 2017, para um mandato de dois anos e meio, e iniciou funções em 13 de janeiro de 2018. Antes, este órgão informal da área do euro foi presidido pelo luxemburguês Jean-Claude Juncker, de 2005 a 2013, e depois pelo holandês Jeroen Dijsselbloem.

Perante a questão se “pensa ser importante que Mário Centeno cumpra um segundo mandato como presidente do Eurogrupo”, a candidatura do PSD, liderada por Paulo Rangel, começa por ressalvar que “uma presidência de um órgão europeu, mesmo informal, como o Eurogrupo, quando exercida com competência, é sempre prestigiante para Portugal”.

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Porém, para o PSD, a prestação de Centeno “tem sido frouxa e dececionante” em domínios como a união bancária ou capacidade orçamental da zona euro e “o balanço é, por isso, negativo”. Além disso, se o presidente do Eurogrupo continuar a ser um ministro em funções, “como o PSD espera e deseja vencer as legislativas de outubro, não faria sentido a sua recondução”, argumentam os sociais-democratas.

Em contraste, o PS, que tem Pedro Marques como cabeça de lista, sustenta que Centeno foi eleito com o “capital de credibilidade” de quem demonstrou que “existia alternativa à austeridade”, acrescentando: “É absolutamente natural que a escolha se mantenha, agora que as políticas que implementámos em Portugal começam a ser implementadas na Europa”.

O cabeça de lista do Partido Democrático Republicano (PDR), António Marinho e Pinto, entende que “Mário Centeno está ser um bom presidente do Eurogrupo e, simultaneamente, um bom ministro das Finanças em Portugal”, que no plano interno “conseguiu fazer a circulatura do quadrado em termos de finanças públicas”, pelo que “seria uma boa notícia” para o país a sua continuidade neste órgão europeu.

A lista da CDU, encabeçada por João Ferreira, do PCP, considera que ter Centeno à frente do Eurogrupo “não representa uma decisão positiva para a defesa dos interesses do país”, pois impõe-se “uma política que liberte Portugal da submissão ao euro e às imposições da União Europeia”.

Marisa Matias, número um da lista do Bloco de Esquerda (BE), também não vê benefícios para Portugal em “ter um presidente português no Eurogrupo” e acusa Centeno de ser “um defensor da política de austeridade”, com “inúmeras contradições”, concluindo: “Não vejo nenhuma vantagem em se manter uma contradição permanente”.

Por sua vez, o cabeça de lista do CDS-PP, Nuno Melo, declarou: “Penso que o importante é ter um presidente do Eurogrupo capaz. Se puder ser português, melhor. Mas essencial é a competência”.

Para o Livre, que tem Rui Tavares como primeiro candidato, “um eventual segundo mandato de Mário Centeno apenas será importante se o Governo português e o ministro das Finanças estiverem comprometidos desde logo com a democratização desta instituição e por outro lado em completar a união bancária, reformar a zona euro e em renegociar a dívida pública dos países do sul”.

O cabeça de lista do recém-formado Aliança, Paulo Sande, afirmou: “A dose de esquizofrenia política que tem acompanhado o exercício dessas funções por parte do ministro das Finanças, quiçá inevitável, não parece aconselhar que isso suceda”.

A candidatura do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), encabeçada por Francisco Guerreiro, admite que “pode ser relevante” manter o atual ministro das Finanças à frente do Eurogrupo, mas considera que “a atuação de Mário Centeno tem sido insuficiente”, pedindo “um debate real” em torno de problemas como a dívida, a destruição dos ecossistemas e a redistribuição da riqueza.

A coligação Basta!, encabeçada por André Ventura, defende que “Centeno não é um grande ministro nem um grande político”, mas que “é sempre melhor ter um português em lugares de destaque do que um holandês que diz que Portugal é só para bom tempo e consumo de álcool” – numa alusão a Jeroen Dijsselbloem.

Ricardo Arroja, número um da lista da Iniciativa Liberal, manifestou-se contra a continuidade de Mário Centeno: “Não. O cargo não traz qualquer benefício ao país, apenas suporta a propaganda política do PS”. Assim como Paulo de Morais, cabeça de lista do Nós, Cidadãos!, que respondeu simplesmente: “Não”.

“No que depender do PCTP/MRPP e dos operários e trabalhadores portugueses e europeus, estamos em crer que a vontade é de correr com tal personagem e impor o desmantelamento da União Europeia e estruturas como o Eurogrupo”, foi a resposta deste partido, favorável à saída de Portugal da União Europeia e do euro, que tem Luís Júdice como primeiro da sua lista.

Opondo-se à política orçamental “de défice 0%”, o Movimento Alternativa Socialista (MAS), com uma lista liderada por Vasco Santos, rejeita igualmente que ter Centeno na presidência do Eurogrupo favoreça o país: “Importante, só se for para ele. Para Portugal não é com certeza, tal como experienciámos quando Durão Barroso foi presidente da Comissão Europeia”.