O Ministério da Educação garantiu esta sexta-feira que a dívida às livrarias relativa ao programa de gratuitidade de manuais escolares é “residual”, reagindo ao relatório do Tribunal de Contas que apontava para uma dívida de 3,1 milhões em março.

A auditoria realizada pelo Tribunal de Contas (TdC) à aplicação do programa de distribuição gratuita de manuais escolares no atual ano letivo aponta como principais falhas a “fraca reutilização” dos manuais, a suborçamentação da medida e o atraso nos pagamentos às livrarias que aderiram ao programa.

De acordo com o relatório do TdC, em março de 2019 a dívida detetada ascendia a 3,1 milhões, sendo que o regulamento da medida estabelecia que o pagamento ocorresse entre o início das aulas, em setembro, e outubro de cada ano letivo.

No entanto, o Ministério da Educação (ME) garantiu esta sexta-feira que “o valor em dívida às livrarias, nesta data, será residual”.

Tribunal de Contas. Manuais escolares gratuitos foram suborçamentados em 100 milhões de euros

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Neste momento, todos os montantes requisitados pelas Escolas ao Instituto de Gestão Financeira da Educação (IGeFE) foram já transferidos”, afirmou o ME em comunicado, reconhecendo que “continuam a ser emitidos e resgatados ‘vouchers’, sobretudo referentes a alunos migrantes que entram no sistema de ensino durante o ano letivo em curso, pelo que existirá sempre uma conta corrente ativa até ao fecho do programa do ano 2018/2019”.

O relatório do TdC apontava para a possibilidade de o valor em dívida às livrarias poder ser ainda mais alto, tendo em conta as informações prestadas pela IGeFE.

“A dívida de 3,1 milhões de euros reportava-se ao montante de 27,3 milhões de euros que as livrarias já tinham faturado, mas é suscetível de alcançar mais 2,5 milhões de euros ainda não titulados por faturação, uma vez que os encargos assumidos atingem 29,8 milhões de euros”, lê-se no relatório.

No final do ano passado, altura em que todas as dívidas já deveriam estar saldadas à exceção dos casos pontuais de novos alunos que entram no sistema de ensino, a dívida era de 6,1 milhões de euros, segundo o relatório.

Desde o início do ano letivo que representantes das livrarias têm vindo a alertar para atrasos no pagamento.

Já sobre os restantes problemas detetados pelos auditores, a tutela sublinha que o Governo está “perfeitamente alinhado com as recomendações do Tribunal de Contas, quer no que respeita à distribuição gratuita de manuais escolares pelo Estado, quer no que diz respeito ao reforço e incentivo da reutilização, num esforço convergente para assegurar a eficácia e economia da medida”.

Este ano letivo, o programa permitiu distribuir manuais a todos os alunos dos 1.º e 2.º ciclos que frequentem escolas públicas.

No próximo ano letivo, a medida será alargada a todos os alunos do ensino obrigatório, ou seja, desde o 1.º ao 12.º ano.