Ainda a recuperar do “choque”, o presidente do sindicato que representa os inspetores da PJ tece duras críticas à versão final do Governo para o novo estatuto da carreira. “Afronta”, “atentado à carreira”, “cúmulo” e “ultrajante” foram as palavras utilizadas por Ricardo Valadas.

“O que está agora na proposta, está muito, muito longe, do que queríamos”, diz o sindicalista ao Diário de Notícias. Classifica as questões remuneratórias como “ultrajantes” já que, afirma, há perda de dinheiro, que há “falta de compensações, quer financeiras quer de progressão na carreira, pelo aumento das exigências e deveres que são reclamados aos inspetores”.

O “cúmulo” é “um inspetor que entre agora na PJ não consegue chegar ao topo da carreira – precisaria de pelo menos 50 anos para passar todos os escalões”.

O presidente da ASFIC (que é o sindicato democrático e independente, representativo dos funcionários de Investigação Criminal da Polícia Judiciária) não tem dúvidas de que, com este estatuto, “fica esfrangalhada qualquer estratégia de carreira de investigação criminal”.

Embora reconheça a “abertura que nunca houve antes por parte do governo”, a desilusão é grande perante a versão final apresentada pelo Governo, que “ficou muito aquém”. Valadas espera que não haja aqui uma estratégia de “encenação” por parte do Governo, com vista a comprometer o processo e dramatiza: “Com um estatuto destes esta casa (a PJ) deixa de ser a casa da investigação criminal.”

O estatuto em vigor vigora há 20 anos e nunca foi alvo de atualização.

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