Bruno Lage chegou à equipa principal do Benfica em janeiro. A meio de fevereiro, renovou contrato até 2023 e afastou sozinho os rumores de que José Mourinho iria assumir o comando técnico dos encarnados. Quatro meses depois de ter substituído Rui Vitória quando era praticamente anónimo, o treinador é a figura maior do 37.º título nacional conquistado pelo Benfica e é, segundo muitos, o principal obreiro de um Campeonato que no início do ano parecia perdido.

Este sábado, já depois do jogo com o Santa Clara e já depois da festa no balneário, Bruno Lage foi um dos últimos a entrar no relvado da Luz para levantar o troféu — só Luís Filipe Vieira, Rui Costa e Shéu entraram depois — e recebeu uma camisola do Benfica com o número 37 e o nome de Jaime Graça nas costas. “O Jaime Graça é o único homem importante da minha carreira. Para o meu pai, para Carlos Carvalhal…um conjunto de pessoas que foram muito importantes no meu percurso até aqui. O apoio de Rui Costa também foi importante”, disse o técnico encarnado à BTV.

Bruno Lage termina a primeira passagem pelo principal escalão do futebol português com o saldo (muito) positivo de 18 vitórias em 19 jogos e apenas um empate. “O mais importante era nós conquistarmos os três pontos e encerrar aquilo que foi um percurso e uma segunda volta fantásticos. Depois, fiquei a ver aquilo que eu mais queria ver, que era a alegria dos nossos adeptos e dos nossos jogadores. Só fazia sentido assim. É verdade, fico feliz por ter conquistado o meu primeiro título a nível sénior, mas o que me dá mais felicidade neste momento é ver este público fantástico a vibrar e ver a alegria estampada nestes jogadores. É o que me faz mais realizado e feliz neste momento”, disse o treinador, que depois explicou que o segredo da segunda volta quase perfeita do Benfica “é o trabalho”. “É a perspetiva de ter um ritmo de trabalho diferente. Sentimos que o valor estava cá, porque esta equipa já tinha vencido anteriormente e às vezes é preciso aquele clique. Neste momento, o mais importante é nós festejarmos e estarmos contentes com o trabalho realizado”, terminou Lage.

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Já na flash interview, o treinador explicou que “o sentimento maior é de ver neste momento todos os benfiquistas felizes”. “Primeiro, quem nos apoia e quem realmente começou a acreditar na reconquista a partir dos 2-0 com o Rio Ave. Vê-los a festejar dá enorme orgulho e deixa-nos felizes. Depois o conjunto de jogadores que tanto trabalharam e dedicaram para fazer esta volta fantástica. Sentimento de fazer meia época com entrega, atitude, ligação enorme entre adeptos e equipa e também ligar um pouco ao trabalho de todos nós como treinadores de formação no Seixal e puxá-los para a equipa principal. Foi fundamental o modo como três ou quatro jogadores subiram e foram recebidos”.

“Os momentos foram todos importantes. Não vou esconder que vamos vivendo jogo a jogo. A nossa primeira vitória em Guimarães foi muito importante. O que dissemos uns aos outros e o facto de estarmos em Guimarães. Aí, disse a seguinte frase: ‘Foi aqui que nasceu Portugal, vamos ver se consigo fazer nascer aqui uma grande equipa’. Há quem desvalorize? O importante é saber o que fizemos. É perceber que fizemos, não sei se é a melhor segunda volta do futebol português, mas temos apenas um empate. Igualámos o recorde de 103 golos. Não somos a melhor, mas chegámos a essa marca fantástica. Durante quatro meses fomos a melhor equipa a jogar futebol, com um calendário difícil a jogar fora no Dragão, Braga, Alvalade, Moreira de Cónegos. O que esperar de nós para a próxima época? Este run a lot. Jogar em equipa, correr muito e só jogando em equipa podemos atingir os nossos objetivos”, acrescentou Bruno Lage.