Doze partidos nacionalistas europeus reúnem-se este sábado em Milão num comício promovido pelo vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, que pretende demonstrar, a uma semana das eleições europeias, a união destas forças que têm conquistado influência política na Europa nos últimos anos.

Salvini, que também assume o cargo de ministro do Interior italiano e é líder da Liga (partido de extrema-direita), quer formar uma aliança nacionalista parlamentar após as eleições europeias, realizadas de 23 a 26 maio nos 28 países da União Europeia (UE). Projeções recentes indicam que esta futura aliança de nacionalistas poderá tornar-se na terceira força política no futuro Parlamento Europeu (PE).

A par de Salvini e da francesa Marine Le Pen, líder da União Nacional, o comício agendado para uma das praças mais emblemáticas daquela cidade italiana, junto da catedral de Milão, vai contar com a presença de outros quatros líderes de formações políticas eurocéticas, anti-Europa e anti-imigração: Geert Wilders (do holandês PVV), Veselin Mareshki (do búlgaro Volya), Tomio Okamura (do checo SPD) e Boris Kollar, do movimento eslovaco Sme Rodina (Somos Família).

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Em Milão, o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), atualmente a terceira força política no parlamento alemão, será representado pelo eurodeputado George Meuthen. Os eurodeputados Harald Vilimski e Gerolf Annemans irão marcar presença em representação do Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ) e do partido Vlaams Belang (Interesse Flamengo, Bélgica), respetivamente. Em representação do Partido Popular dinamarquês estará o eurodeputado Andres Vistisen.

O Partido Popular Conservador da Estónia (EKRE), que poderá conseguir entrar pela primeira vez no PE de acordo com as projeções, marcará presença com o seu vice-presidente Jaak Madison, o mesmo acontecerá com os Verdadeiros Finlandeses que será representado pela vice-presidente Laura Huntasaari.

O grande ausente em Milão, segundo frisam as agências internacionais, será o primeiro-ministro da Hungria e líder do Fidesz (partido nacional-conservador direita), Viktor Orbán, que, em janeiro passado, declarou que o objetivo do seu governo para as europeias era que as “forças anti-imigração” fossem a maioria em todas as instituições da UE.

Aqueles que estão em silêncio são cúmplices. Vamos escrever a História juntos!”, declarou Salvini sobre o encontro deste sábado, que foi classificado por Marine Le Pen como “histórico”.

“A Europa é forte apenas com nações fortes”, afirmou Le Pen, que defende, como Salvini, uma “Europa de nações e cooperações” em vez do ‘bunker’ de uma UE federalista.

Nos últimos anos, os partidos populistas, nacionalistas e de extrema-direita conquistaram influência e poder político em muitas partes da Europa. Das localidades da Normandia (norte de França) às planícies húngaras, estas forças políticas têm entrado em escrutínios nos respetivos países com um discurso muito similar, focado, por exemplo, na reafirmação da soberania nacional, nos perigos da imigração e de uma islamização ou na ameaça à identidade nacional.

No entanto, existem assuntos que dividem estes partidos, como a economia, um eventual processo de saída da UE ou as relações com a Rússia. Sobre este último tema, e para muitos partidos nacionalistas e de extrema-direita, o apoio à Rússia é encarado como um efeito colateral natural perante um sentimento anti-americano e anti-UE.

Já para outros, especialmente para as forças nacionalistas escandinavas e dos países bálticos, a Rússia é uma ameaça estratégica que deve ser contida de forma enérgica.