O calendário da Liga ditou que as grandes decisões da última jornada ficavam divididas: se este sábado o Benfica confirmou a conquista do Campeonato, era este domingo que Tondela e Desp. Chaves ficavam a saber quem permanecia no principal escalão do futebol português e quem se juntava a Feirense e Nacional na despromoção à Segunda Liga. Num Estádio João Cardoso, em Tondela, totalmente lotado, os representantes da região Centro do país recebiam os representantes de Trás-os-Montes na última decisão da presente temporada.
As abordagens dos dois treinadores eram parecidas e tanto Pepa como José Mota consideravam esta última jornada uma autêntica final — até porque ambos estão habituados a decidir manutenções na Primeira Liga. No caso do técnico do Tondela, que nos últimos quatro anos lutou pela permanência na última jornada três vezes, a opção foi invocar Luiz Felipe Scolari e explicar que este era “um jogo de mata-mata”. Do outro lado, o treinador do Desp. Chaves garantia que os jogadores transmontanos tinham noção de que este era “um jogo de uma época”.
Ainda assim, as duas equipas entravam em campo com condicionantes diferentes. Com os mesmos 32 pontos na classificação, o Tondela estava obrigado a vencer o Desp. Chaves para garantir a manutenção, já que perdeu o encontro da primeira volta (2-1); já ao conjunto de José Mota bastava o empate para agarrar a permanência na Primeira Liga. Este fator, que à partida favorecia os transmontanos, terá sido fulcral para a entrada demolidora do Tondela na partida. Um lado entrou para ganhar, o outro lado entrou para não perder.
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Aos 16 minutos, o Tondela já vencia por 3-0: Ícaro inaugurou o marcador logo nos instantes iniciais (3′), com um cabeceamento forte no seguimento de um pontapé de canto; João Pedro aumentou a vantagem com um remate rasteiro de fora de área (8′); e Murillo fez o terceiro ao picar a bola na cara de Ricardo (16′). Delgado ainda fez o quarto antes da primeira meia-hora (28′), depois de um lance de entendimento perfeito com Tomané, e a equipa do Desp. Chaves parecia ainda não ter saído do balneário. No banco, José Mota alargava a gravata, abria os primeiros botões da camisa e lançava Platiny para o lugar de Filipe Melo, colocando um segundo avançado em jogo, mudando o esquema para 4x4x2 mas partindo a equipa.
O Desp. Chaves arriscou tudo e lançou-se para a frente, abrindo caminho para um golo importante mas expondo-se à possibilidade de sofrer um quinto golo. Venceu a primeira opção e Platiny reduziu a desvantagem ao segundo poste depois de uma boa jogada de desmarcação de Djavan pela esquerda (38′). A luz acendeu-se para os transmontanos, que passaram a jogar totalmente inseridos no meio-campo defensivo do Tondela e conseguiram mesmo chegar ao segundo golo na última jogada da primeira parte, com Maras a aproveitar um desvio inicial depois de um livre para cabecear quase sozinho para a baliza de Cláudio Ramos (45+2′). Na ida para o intervalo, de forma quase contra-natura, eram os jogadores do Tondela, que venciam por 4-2, que caminhavam cabisbaixos para o balneário.
⏰ INTERVALO | Tondela 4-2 Chaves
Beirões chegam ao 4-0 mas permitem reacção flaviense antes do descanso. Jogo de loucos em Tondela ?#LigaNOS #CDTGDC #SempreTondela #ValentesTransmontanos pic.twitter.com/aAXHAsvel8
— GoalPoint.pt ⚽ (@_Goalpoint) May 19, 2019
Numa segunda parte muito mais dividida, o Tondela acabou por entregar a iniciativa ao Desp. Chaves e recolher-se no seu meio-campo, desfrutando apenas dos instantes iniciais do segundo tempo, onde foi claramente superior e poderia ter ter chegado ao quinto golo. Os transmontanos arriscaram tudo e lançaram-se para o ataque, com José Mota a desrespeitar a lógica e a tática na esperança de um último esforço ao lançar o médio ofensivo Costinha no lugar do lateral Lionn. A tentativa de correr sem reservas em direção à salvação acabou por desestabilizar o setor defensivo e abrir as portas para mais um golo do Tondela, através de uma grande jogada de contra-ataque que culminou com a finalização de Murillo (77′) e beneficiou da escassa organização do Desp. Chaves.
O Tondela venceu então o Desp. Chaves — porque entrou para ganhar contra uma equipa que entrou para não perder — e conquistou o direito à quinta temporada consecutiva na Primeira Liga. Já os transmontanos juntam-se a Nacional e Feirense e regressam à Segunda Liga depois de três épocas no principal escalão (e depois de terem terminado em sexto, no ano passado). Na rota inversa, e além do já anunciado Gil Vicente, sobem Paços de Ferreira, que celebrou este domingo o título de campeão da Segunda Liga, e ainda o Famalicão, que volta à Primeira Liga 25 anos depois.
TON 5 CHA 2 (FT)
Continua a odisseia: quais as cinco equipas que nunca descem da 1.ª à 2.ª divisão?
SLB 1934-2019
FCP 1934-2019
SCP 1934-2019
CFB sad 2018-2019
TON 2015-2019— Rui Miguel Tovar (@ruimtovar) May 19, 2019