Dois dias depois de se sagrar campeão nacional pela quinta vez em seis anos, o Benfica foi recebido esta segunda-feira na Câmara Municipal de Lisboa perante centenas de adeptos que esperaram horas pela comitiva encarnada. Previamente marcada para as 18h, a cerimónia acabou por ser adiada para as 18h30 devido ao tempo de antena eleitoral nos canais de televisão. Gedson Fernandes, Florentino Luís e Jota, três elementos que contribuíram para a conquista da Primeira Liga, foram os únicos ausentes porque já partiram, no domingo, para a Polónia, onde se juntaram aos trabalhos da Seleção Nacional que vai disputar o Mundial Sub-20.

A comitiva do Benfica concentrou-se primeiro no Estádio da Luz, de onde saiu por volta das 18h em direção à Praça do Município. No momento da saída dos jogadores do autocarro, já em frente à Câmara, a principal ovação foi dirigida a João Félix, um dos últimos a surgir mas claramente o mais aguardado pelos adeptos. O plantel e a equipa técnica do Benfica, liderados por Luís Filipe Vieira, ofereceram a Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, uma camisola do clube autografada por todos os jogadores e com o número 37 nas costas.

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“Saúdo o plantel e benfiquistas por esta conquista. Hoje é tempo de celebrar a partir da casa da nossa cidade. Parabéns, Benfica, o campeão voltou! (…) Espero que se sintam bem recebidos. Se algum dos jovens precisar de ajuda, que peçam ajuda aos tetracampeões do plantel, que eles já conhecem os cantos à casa. Todos os títulos são especiais. Dose de crença, resiliência e talento, união notável de direção, jogadores e adeptos. Muito pode ser dito, mas há uma ideia especialmente poderosa que emerge: uma nova geração de jogadores criados no Benfica, que cumpriram um sonho de criança e dos adeptos. Não fizeram tudo sozinhos. Que gosto tem sido ver esta equipa junta. Por cada Ferro ou João Félix houve um André Almeida, Jardel e Samaris. Esta equipa não foi imune ao erro, mas houve solidariedade. Não houve medo, nem timidez. O Benfica construiu uma segunda volta que foi uma reconquista dentro da reconquista. Uma palavra também para a liderança fora do relvado. Num momento crucial da temporada, o presidente encontrou dentro de casa o caminho que levaria o Benfica a uma nova vitória. O Benfica está aqui a celebrar o quinto título nas últimas seis épocas. Numa demonstração da validade de um projeto, com condições únicas para criar talento e conquistar troféus. Nesta caminhada, primeiro improvável e depois imparável, há uma liderança serena, que foi aquilo que jogadores e adeptos precisavam”, disse Fernando Medina antes de passar a palavra a Luís Filipe Vieira, que começou por repetir que “o campeão voltou” e motivou o entusiasmo dos adeptos que assistiam na Praça do Município, juntando-se depois ao cântico que entoavam.

“Dando continuidade a esta maré vermelha de festejos, de apoio impressionante por Portugal e um pouco por todo o mundo. Estes festejos provaram que os momentos difíceis nos uniram como nunca. É caso para dizer: aqui está a razão pela qual ninguém pára o Benfica. Temos nesta cidade fantástica a nossa origem e raiz, mas o amor ao Benfica existe em Portugal e no Mundo, afirmando-se cada vez mais como uma marca global, com adeptos em todo o mundo. Os que vivem agora curiosos por ver a nossa academia. Olham para o nosso clube como exemplo de como se prepara o futuro. Esta vitória é também da juventude e da aposta no futuro. Um clube que está vivo, sólido e com um rumo claro. Um clube que nos vai trazer muito mais vezes a esta Praça. Agradeço também o apoio de sócios e adeptos, que fica para sempre na memória, sobretudo nesta segunda volta. O espírito entre adeptos e equipa, sobretudo nos momentos difíceis, as vitórias sobre os rivais, os números, fazem desta vitória uma das mais saborosas de sempre. Uma vitória clara e inequívoca que premeia a melhor equipa deste Campeonato. Ganhámos para nós e por nós. A reconquista foi feita”, acrescentou o presidente encarnado, que depois voltou a elogiar Bruno Lage e a recordar Rui Vitória.

“Quero também deixar uma palavra ao Bruno Lage, também ele jovem e produto do Seixal. Em nome de todo o clube fica o elogio e agradecimento pelo enorme trabalho realizado. Uma aposta de que nos orgulhamos, ainda que para alguns pareça que veio do nada. A sua escolha resulta no trabalho feito no Seixal e de toda a estratégia definida. Desde o início personificou os valores do clube. Os políticos que se cuidem que, pelo discurso do Marquês, Lage consegue passar uma mensagem a que ninguém fica indiferente. Mas fiquem descansados que vai ficar connosco por muitos e bons anos”, garantiu Vieira.

A receção na autarquia lisboeta aconteceu depois de, já esta segunda-feira, Luís Filipe Vieira ter assinado um editorial publicado no site do clube onde agradecia o apoio dos adeptos e lembrava Rui Vitória. “Esta vitória foi justa e inequívoca. Feita de uma 2.ª volta absolutamente extraordinária, histórica e com números avassaladores. Ganhámos os dois jogos ao nosso mais direto rival. Ganhámos cinco e empatámos apenas um dos seis jogos contra FC Porto, Sporting e Sp. Braga. Igualámos o recorde de golos marcados da nossa história (103). Marcámos mais 29 golos do que o segundo classificado e tivemos o melhor marcador, Seferovic, com 23 golos. Foi a vitória da verdade desportiva e da afirmação de uma estratégia vencedora que, com base na aposta na formação, permite-nos ambicionar ainda mais para o futuro. Um título ganho por uma equipa e uma estrutura – dirigentes, equipas técnicas, funcionários – que funcionaram como um bloco único”, escreveu o presidente encarnado.

Vieira não esquece Rui Vitória, agradece “onda vermelha” e realça a “vitória da verdade desportiva”