Foram detidos 17 indivíduos do sexo masculino de nacionalidade portuguesa com idades compreendidas entre os 29 e os 52 anos, informou a Polícia Judiciária numa nota enviada às redações. Esta manhã, o Diário de Notícias tinha avançado que os inspetores da Unidade Nacional de Contraterrorismo tinham cerca de 20 mandados de detenção para elementos do grupo motard Hells Angels.

Na nota enviada às redações, a PJ acrescenta que além do cumprimento dos mandatos de detenção, também tinham sido realizadas “dezenas de buscas domiciliárias e não domiciliárias”. “Os indivíduos ora detidos integram a estrutura do grupo Hells Angels, e encontram-se indiciados pelo crime de associação criminosa, estando prevista a sua apresentação para amanhã, no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, para interrogatório judicial e aplicação de medidas de coação.”

Ao final desta tarde, o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) informou em comunicado que foram realizadas “25 buscas domiciliárias em vários pontos do país, designadamente na grande Lisboa, no grande Porto, em Viana do Castelo e Chaves”.

Em causa estão factos suscetíveis de integrar a prática dos seguintes crimes: associação criminosa, adesão a associação criminosa, homicídio qualificado, na forma tentada, ofensa à integridade física qualificada, detenção de arma proibida, crime de roubo qualificado, extorsão qualificada e dano qualificado com violência”, disse ainda a nota enviada pelo DCIAP.

A PJ teve 150 operacionais de várias Unidades da Polícia Judiciária envolvidos na operação e as detenções foram feitas em vários pontos do país com a colaboração do DCIAP, do Ministério Público. Segundo o Correio da Manhã, as detenções e posterior encerramento do processo têm de ser feitos antes da acusação, que terá de ser deduzida até 11 de julho.

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Além dos 17 arguidos detidos esta terça-feira, estão constituídos ainda 70 arguidos. Destes 70, 36 encontram-se em prisão preventiva e 5 “estão sujeitos à medida de coação de obrigação de permanência na habitação com vigilância eletrónica”, informa o DCIAP.

Os Hells Angels são considerados uma organização criminosa, unida internacionalmente por valores, símbolos e convicções, mas autónoma em cada país no controlo de núcleos ligados, sobretudo, ao tráfico de droga, segurança ilegal e prostituição forçada. O grupo motard internacional está em Portugal desde 2002 — 40 anos depois de ter chegado ao resto da Europa — e desde essa altura que é vigiado pela PJ, sobretudo por causa de esquema de circulação de armamento.

Depois de um confronto entre grupos rivais, no Prior Velho, em março de 2018, a PJ levou a cabo uma megaoperação que resultou na detenção de cerca de 59 pessoas (58 em Portugal, uma no estrangeiro), em julho. Dessas, 41 estão em prisão preventiva, referiu a PJ.

Os suspeitos estão indiciados, na sua generalidade, da prática dos crimes de associação criminosa, homicídio qualificado na forma tentada, roubo, ofensas à integridade física graves, ofensas à integridade física qualificadas, detenção de armas proibidas e tráfico de droga.

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A operação de julho de 2018 foi uma intervenção considerada “de alto risco” e preparada com grande detalhe, por se tratarem de suspeitos considerados perigosos, muito violentos e altamente organizados, confirmou o Observador na altura. O sucesso da mesma, pode ter sido garantido pela existência de informadores dentro do seio do grupo, que contava com cerca de 100 elementos em Portugal no ano passado. O número pode não parecer grande, mas a PJ diz que são altamente organizados, muito perigosos e extremamente violentos.

Atualizado às 11h48 com nota enviada pela PJ