A primeira-ministra britânica, Theresa May, garantiu o apoio do seu governo para apresentar uma nova proposta de saída da União Europeia, para a qual ela espera finalmente conseguir aprovação do Parlamento. Este acordo inclui a possibilidade de o documento ser colocado a votação num segundo referendo, deixando essa decisão para os deputados da Câmara dos Comuns.

Reconheço o forte e genuíno sentimento em toda a Câmara dos Representantes sobre esta matéria. O Governo irá, por isso, incluir na proposta de lei do acordo de saída uma exigência para que seja votada a possibilidade de um segundo referendo. Isto deve acontecer antes de o próprio acordo ser ratificado”, disse Theresa May esta tarde.

No discurso desta tarde, a primeira-ministra sublinhou que não concorda com a realização de um segundo referendo, mas está disposta a ceder nesse aspeto para que os deputados façam a sua escolha. “Para aqueles deputados que querem um segundo referendo confirmatório sobre este acordo: vocês precisam de um acordo e, portanto, deste acordo de saída para que ele aconteça”, referiu a primeira-ministra.

Ao longo de três horas, o governo britânico reuniu para discutir os pormenores do que Theresa May chamou de “proposta ousada”, para obter apoio parlamentar para o seu acordo de Brexit. Não é provável que as mudanças acordadas pelo governo — cujos membros estão divididos sobre o Brexit — sejam suficientemente amplas para mudar a posição dos deputados britânicos, que por várias vezes recusaram um entendimento sobre a forma de saída da União Europeia.

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Com esta estratégia, Theresa May procura garantir que quem queira um segundo referendo tenha primeiro que aprovar o acordo de saída, e só depois tentar vencer o debate que se seguirá, de realizar uma segunda consulta.

Este governo vai criar uma obrigação legal para o governo encontrar alternativas ao backstop, até dezembro de 2020, de forma a que nunca seja usado. Se o backstop entrar em vigor a Grã-Bretanha continuará alinhada com a Irlanda do Norte. Este novo acordo do Brexit contém alterações significativas para respeitar a integridade económica e territorial do Reino Unido. Este novo acordo tem que ter o apoio de uma vasta maioria de partidos”, garantiu ainda Theresa May.

O Reino Unido já devia ter deixado a União Europeia em 29 de março, mas a comunidade de países permitiu a extensão do prazo até 31 de outubro, no meio de um impasse político. As conversações sobre a obtenção de um compromisso entre o Partido Conservador, de Theresa May, e o Partido Trabalhista, na oposição, voltaram a fracassar, na passada semana. May diz que tentará retomar o processo de negociações, no início de junho, pedindo aos deputados que votem numa proposta de retirada que seja aceite por Bruxelas.

May disse que depois de o Parlamento votar a nova proposta, estabelecerá um cronograma para o seu abandono de funções, como líder do Partido Conservador e como primeira-ministra. Esta nova proposta será uma última tentativa de May conseguir algum acordo.

Os Conservadores pró-Brexit culpam May pelo impasse político e querem substituí-la por um defensor acérrimo do ‘Brexit’, como Boris Johnson, ex-ministro das Relações Exteriores do governo de Theresa May.