Federico Pérez andou com o autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, na escola. São amigos de infância e antigos colegas de voleibol. A ligação é, por isso, emocional. Pérez nem sequer faz parte do Vontade Popular, o partido da oposição a Nicolás Maduro a que Guaidó pertence. Mas isso não o impediu de fazer trabalho político a favor de Guaidó, de tal forma que teve de fugir do país para evitar a perseguição dos serviços secretos venezuelanos.

A sua história é agora revelada pelo El Mundo, órgão de comunicação a quem Pérez deu a sua primeira entrevista. O venezuelano de 35 anos acompanha a partir de Madrid o que se passa no seu país, mas não perde a esperança em Guaidó. “Vejo um Maduro derrotado, que não pode andar nas ruas de Caracas como faz o Juan. E vejo filas enormes para se conseguir gasolina num país petrolífero. É um questão de tempo. Creio firmemente no Juan e vou com ele até ao fim”, afirmou o ativista ao jornal espanhol.

Pérez foi alvo de uma operação do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) e das forças especiais da Polícia Nacional Bolivariana (FAES) em finais de março. Os arredores do prédio onde vivia com a família em Carabaleda começaram a ser ocupados por agentes destas forças. Foi então que Pérez percebeu que tinha de reagir: “Enviei a minha mulher, o meu filho (que faz um ano no domingo que vem) e a minha sogra para um refúgio que tinha estabelecido previamente. Eles também invadiram o hotel Paseo, que na altura funcionava como quartel-geral para nós, mas a minha equipa já tinha saído de lá.”

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Estive seis dias escondido num apartamento de segurança, sem sair, ‘fechado na concha’, como dizemos na Venezuela. À espera que a minha família saísse do país para poder estar mais tranquilo”, explicou o ativista venezuelano.

Sete dias depois, foi levado para um aeroporto privado em Caracas. Passou a noite dentro de um avião e levantou voo na manhã seguinte para um local perto da fronteira. Aí chegado, fugiu a pé. “Consegui evitar os controlos fronteiriços graças a uns amigos importantes da Colômbia, que ajudam sempre”, resumiu Pérez.

Agora a viver com a família na capital espanhola, o amigo de infância de Guaidó continua a acompanhar o que se passa na política do seu país, embora esteja mais removido da ação. Mas mantém-se firme de que em breve poderá voltar a contribuir para ajudar o autoproclamado Presidente interino, que não conseguiu ainda afastar Maduro, como se tinha proposto. “O destino dos que enfrentam Maduro não é o exílio”, assegura Pérez. “Estou aqui porque tenho dupla nacionalidade, mas o meu destino real é acabar com o regime.”