Um “tsunami verde”. É esse o cenário que se prevê nas eleições Europeias na Irlanda, de acordo com a mais recente sondagem à boca das urnas, que aponta para um regresso estrondo dos Verdes no país, recuperando os eurodeputados que tinha perdido em 2004 e indiciando um possível regresso de peso à política nacional com o bom resultado nas eleições locais que também se votaram esta sexta-feira.

A sondagem à boca das urnas mais recente, da Red C, foi publicada pela televisão irlandesa RTÉ este sábado. De acordo com o estudo, o vencedor das eleições deverá ser o partido de centro-direita Fine Gael (membro do PPE) com cerca de 28,7%, seguido dos liberais do Fianna Fáil (membro do ALDE). Os Verdes (que pertencem aos Verdes Europeus) surgem em terceiro (14,8%), ultrapassando a esquerda republicana do Sinn Féin (13%) — que no Parlamento Europeu se sente com o Grupo da Esquerda Europeia.

Quanto à distribuição dos 13 eurodeputados a que a Irlanda tem direito, a sondagem dá como certo que o Fine Gael eleja três (Frances Fitzgerald em Dublin, Mairéad McGuinness pelas Midlands do Noroeste e Seán Kelly no sul). De acordo com a análise do Irish Times, há ainda uma forte possibilidade de o partido manter a quarta eurodeputada, Maria Walsh, também pelas Midlands.

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Já quanto aos Verdes, o partido deverá ser o mais votado em Dublin, elegendo um eurodeputado nesse círculo eleitoral, e também está na luta para eleger um deputado no sul e outro nas Midlands. Os restantes partidos de esquerda, contudo, ressentem-se com essa onda verde: o Sinn Féin, atualmente com três eurodeputados, pode perder o lugar de Lynn Boylan pelo círculo de Dublin e o Labour não deve conseguir eleger nenhum candidato.

O candidato à presidência da Comissão Europeia do PPE, família a que pertence o Fine Gael, já reagiu a estas previsões: “Parece que haverá resultados fortes do Fine Gael nas eleições Europeias na Irlanda”, escreveu Manfred Weber no Twitter, agradecendo ao primeiro-ministro irlandês e líder do partido Leo Varadkar.

Já o líder dos Verdes, Eamon Ryan, reagiu de forma muito positiva a esta sondagem: “Se regressarmos [ao Parlamento Europeu] com três lugares seria uma história europeia incrível, porque o próximo Parlamento Europeu é crítico e o seu equilíbrio está dependente de partidos como o nosso”, afirmou à RTE. “Há uma onde da consciência pública verde na Irlanda. Está a varrer a Europa e acho que aterrou aqui”, acrescentou.

A vitória dos Verdes é ainda mais relevante porque os 14,8% dos votos projetados contrastam com os menos de 5% obtidos nas eleições Europeias de 2014. A última vez que o partido elegeu eurodeputados foi nas Europeias de 1999. A confirmar-se, será o melhor resultado de sempre para os Verdes irlandeses desde que foram criados em 1981, recorda a Euronews.

O resultado, que é acompanhado de boas projeções também a nível local, é particularmente surpreendente porque o partido perdeu toda a força política que em tempos teve ao longo dos últimos dez anos. O Irish Times relembra que há oito anos o partido perdeu os seis lugares que detinha no Parlamento, os três mandatos no Senado, e não foi além dos 2% a nível nacional, perdendo direito à subvenção estatal. Com este resultado nas Europeias e nas eleições locais, o partido da esquerda ambientalista — que chegou a coligar-se com os liberais do Fianna Fáil no Governo — regressa em força. “É mais do que uma subida, é uma torrente”, avalia o jornal.