O saldo externo da balança de bens e serviços “agravou-se significativamente” e poderá mesmo ser “negativo em 2019, o que não acontece desde 2012”, estima o Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG).

Na sua síntese de conjuntura, a entidade explica que existiu uma subida da procura interna, mas que o Produto Interno Bruto (PIB), referente ao primeiro trimestre deste ano, “só não terá crescido mais porque o crescimento das exportações foi muito reduzido face ao das importações. Este contributo mais negativo da procura externa líquida é explicável, em especial, pelo crescimento das importações em bens de equipamento, desejável a prazo por aumentar a capacidade produtiva interna, cujo crescimento nominal no trimestre foi de 30%”.

A juntar a esta subida nas compras ao exterior, a exportações “tiveram crescimento reduzido, atribuível quer a fatores pontuais quer a um abrandamento da procura externa, parcialmente refletido no decréscimo da produção industrial”, explica o ISEG.

Por isso, o “saldo externo da balança de bens e serviços agravou-se significativamente e, sendo expectável que melhore nos próximos meses, poderá vir a ser negativo em 2019, o que não acontece desde 2012”, de acordo com a mesma nota.

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Em março de 2019,o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou que o défice da balança comercial de bens totalizou 1.895 milhões de euros, correspondente a um aumento de 573 milhões de euros face ao mês homólogo de 2018.

Além disso, a estimativa rápida da entidade, divulgada este mês, indicou que o PIB português aumentou 1,8% no primeiro trimestre do ano em termos homólogos, acima dos 1,7% do trimestre anterior, e 0,5% em cadeia, impulsionado pela procura interna.

Segundo o INE, o contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB aumentou, “refletindo uma aceleração significativa do investimento”.

Em sentido contrário, sinalizou, o contributo da procura externa líquida foi mais negativo do que o observado no trimestre anterior, em resultado da aceleração mais intensa das importações de bens e serviços do que das exportações de bens e serviços.

O ISEG, por sua vez, diz que em relação ao segundo trimestre deste ano “a informação ainda é bastante escassa, mas não apresenta sinais mais negativos do que os observados no trimestre anterior”.

Aliás, qualitativamente, em abril registou-se “uma certa instabilidade” nos indicadores de clima e sentimento económico, de acordo com o instituto, sobretudo graças ao aumento da confiança dos consumidores.

O ISEG realça ainda o crescimento do consumo de cimento, cujas vendas aumentaram 14% em abril, face ao período homólogo, e um decréscimo do comércio automóvel de ligeiros inferior aos meses anteriores (menos 1,6%).

“Em todo o caso, vão ser necessários mais dados para definir o trimestre, em particular os relativos a exportações e importações de bens e serviços, cujo saldo mais negativo no primeiro trimestre penalizou o crescimento”, conclui o ISEG.