O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, felicitou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pelo Prémio Carlos Magno, que lhe será entregue esta quinta-feira, numa cerimónia em Aachen, na Alemanha. Também, o rei de Espanha, Felipe VI, não poupou nos elogios a Guterres.

Segundo uma nota divulgada no portal da Presidência da República na Internet, o chefe de Estado “enviou uma mensagem calorosa” a António Guterres, “primeiro galardoado português” com este prémio, que é atribuído desde 1950 a personalidades que tenham contribuído para a unidade do continente europeu.

Marcelo Rebelo de Sousa defende que, neste momento, “é particularmente relevante e significativa a atribuição a António Guterres do prestigiado prémio – na senda de personalidades que tanto contribuíram para a unidade da Europa como Jean Monet, Konrad Adenauer, Winston Churchill, François Mitterrand, Papa João Paulo II, Angela Merkel e Emmanuel Macron”.

O Presidente da República considera que “a Europa atravessa um momento histórico determinante, a nível interno e no contexto mundial”, e que Guterres é um símbolo “da importância do modelo europeu de uma sociedade plural e solidária, comprometida com a cooperação multilateral e assente em valores, princípios e objetivos de futuro ao serviço das pessoas”.

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De acordo com o chefe de Estado, o secretário-geral das Nações Unidas é “um exemplo e uma demonstração do que Portugal tem de melhor”, pela sua “inteligência superior” e “brilhante capacidade de antevisão e equação dos desafios e soluções a nível global” e pelo “modo ímpar como cria e fomenta o diálogo, constrói pontes, fomenta a paz e aproxima as pessoas”.

Também, o rei de Espanha, Felipe VI, afirmou esta quinta-feira que a atribuição do prémio internacional Carlos Magno ao secretário-geral da ONU “é o tributo perfeito aos muitos méritos de António Guterres”, que comparou aos navegadores portugueses da época dos Descobrimentos.

“Fico muito orgulhoso enquanto espanhol e amigo de Portugal, e também como europeu, que António Guterres receba este ano o Prémio Carlos Magno”, declarou Felipe VI, a quem coube proferir o discurso laudatório, numa cerimónia realizada no salão de coração da câmara de Aachen, a localidade alemã que foi outrora sede do império daquele que é considerado o “pai da Europa”.

Felipe VI não poupou elogios ao antigo primeiro-ministro português e, citando Fernando Pessoa — “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena” -, o rei de Espanha afirmou que “a alma de António Guterres é imensa, assim como são a sua sabedoria, experiência e paixão com que defende os seus ideais”.

“Há mais de 1.200 anos, o sonho europeu começou aqui, em Aachen. Hoje, esse sonho mantém-se muito vivo, graças à visão e determinação de indivíduos excecionais com o calibre de António Guterres, um homem que combina a perspetiva europeia com a vocação internacional do seu país, Portugal, a quem também hoje prestamos tributo”, declarou.

O monarca espanhol disse então que, “tal como os seus compatriotas que navegaram pelos oceanos no início da era moderna” — à semelhança dos seus compatriotas espanhóis -, “António Guterres é um homem de horizontes largos e, tal como esses grandes exploradores, ele investe a sua considerável energia em cada empreendimento no qual embarca”.

“António Guterres é o homem que sabe como conciliar as suas profundas convicções éticas e sociais com o rigor científico dos seus antecedentes académicos”, disse, lembrando que o atual secretário-geral da ONU entrou na vida política muito jovem, “num momento decisivo da história” de Portugal, de transição da ditadura para a democracia.

Desde então, apontou, “o compromisso de António Guterres com a justiça e harmonia orientaram a sua carreira, como primeiro-ministro de Portugal, de 1995 a 2002, como presidente do Conselho Europeu em 2000 (durante a presidência portuguesa da UE), como Alto Comissário da ONU para os Refugiados, entre 2005 e 2015, e, desde janeiro de 2017, como secretário-geral da ONU”.

“Em cada um destes cargos, ele conduziu de forma consistente a sua ação política mantendo-se fiel a três princípios inalienáveis”: a solidariedade com os mais necessitados, a busca de uma união ainda mais próxima entre os povos e países da Europa, e o contributo de uma Europa unida para as causas justa da humanidade.

Considerando que o trabalho de Guterres e a sua eleição para o cargo de secretário-geral da ONU constituem um lembrete claro de que o sonho europeu não termina nas fronteiras da Europa, Felipe VI afirmou que “o exemplo de António Guterres mostra que não há contradição entre a construção de uma Europa mais unida e a busca de uma ordem internacional aberta, plural, mais justa e mais cooperante”.

Esta quinta-feira, Guterres recebe o Prémio Carlos Magno, numa cerimónia na cidade alemã de Aachen, na qual participam, entre outros, o primeiro-ministro, António Costa, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e em que o discurso laudatório esteve a cargo do rei de Espanha, Felipe VI.

A atribuição deste galardão foi anunciada em janeiro pelo respetivo comité, que apontou o antigo primeiro-ministro português e ex-alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados como “um destacado defensor do modelo europeu de sociedade, do pluralismo, tolerância e diálogo, de sociedades abertas e solidárias, do fortalecimento e consolidação da cooperação multilateral”.

O prémio tem um montante simbólico de 5.000 euros.