As vendas de carros novos no Reino Unido não param de cair, o que tem levado os construtores com instalações fabris no país a adaptar o ritmo de produção às necessidades do mercado. Isto explica que algumas fábricas tenham passado mais tempo paradas do que a funcionar nos meses de Março e de Abril.

Os dados do mercado inglês apontam para uma forte redução da produção de automóveis, que só em Abril caiu 56.999 unidades, quando comparada com o mesmo mês do ano anterior. O quarto mês do ano viu apenas serem produzidos 70.971 veículos, substancialmente menos do que os 127.970 fabricados em Abril de 2018. As quebras foram de 43,7% entre os modelos destinados ao mercado local, com as exportações a caírem quase outro tanto, 44,7%.

Para a Society of Motors Manufacturers and Traders, ou seja, os fabricantes e comercializadores de automóveis no Reino Unido, o culpado deste drama é o Brexit. Mike Hawes, o seu líder, afirma mesmo que pior ainda do que o Brexit é a ameaça de uma saída da União Europeia sem acordo. A possibilidade do “no deal” assusta tanto compradores como fabricantes.

Hawes avisa ainda que a quebra das vendas e o necessário ajuste da produção vão motivar alterações no aparelho produtivo, com o responsável da indústria britânica a antecipar a perda de postos de trabalho, tanto directos como indirectos, pois ao fecharem as fábricas – ou reduzirem substancialmente a sua produção –, o mesmo acontecerá a todos os fornecedores que dependem dessas mesmas unidades produtivas.

De recordar que os ingleses, que em tempos possuíram uma indústria automóvel fortíssima, hoje têm apenas fábricas no seu país pertencentes a marcas propriedade de países estrangeiros. Até a Bentley e a Rolls-Royce passaram para as mãos do Grupo Volkswagen e BMW, respectivamente, da mesma forma que a Jaguar Land Rover (JLR) é hoje pertença dos indianos da Tata.

No dia em que a União Europeia aplicar uma taxa de 10% à importação de veículos provenientes do Reino Unido, ou bem que o Governo local paga a conta ou as fábricas vão mudar de ares e deslocam as suas instalações para a Europa continental. Como aliás a JLR já está a fazer, tendo inaugurado a sua primeira instalação fabril no Leste europeu.

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