Os Estados Unidos vão impor, a partir de 10 de junho, “taxas alfandegárias de 5% sobre todos os bens provenientes do México”, enquanto imigrantes ilegais continuarem a atravessar a fronteira mexicana, anunciou o Presidente norte-americano.

“As taxas alfandegárias vão aumentar progressivamente enquanto o problema da imigração clandestina não for resolvido. Nessa altura, as taxas alfandegárias serão levantadas”, explicou, na quinta-feira, Donald Trump.

O Presidente dos Estados Unidos não só anunciou na quinta-feira a sua decisão como no mesmo dia publicou no Twitter um vídeo de uma das câmaras fixas da fronteira em El Paso, na madrugada de dia 29 de maio. As imagens mostram imigrantes a passar para os EUA através de um buraco na barreira fronteiriça. Nas palavras de Trump, esta foi a maior apreensão de imigrantes ilegais de sempre. “Os democratas precisam de estar do lado da nossa patrulha da fronteira” rematou.

O México já reagiu. Na quinta-feira considerou a decisão norte-americana “desastrosa” e indicou estar pronto a “reagir energicamente”, para no dia a seguir pedir diálogo a Trump.

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O Presidente mexicano, Andres Manuel Lopez Obrador, enviou esta sexta-feira uma carta ao homólogo norte-americano para se sentarem à mesa e conversarem sobre imigração.

“Não quero a confrontação (…) proponho que aprofundemos o diálogo, na procura de alternativas para o problema da imigração”, escreveu o chefe de Estado mexicano. Lopez Obrador disse também que uma delegação mexicana se desloca esta sexta-feira, a Washington.

No dia anterior o subsecretário para a América do Norte mexicano, Jesus Seade tinha sido mais contundente nas declarações à imprensa: “Isto é desastroso, esta ameaça posta em prática seria muito grave (…) Se isto acontecer, devemos reagir energicamente”.

Sobre a possibilidade de aplicar reciprocamente taxas alfandegárias idênticas, o responsável mexicano considerou que essa seria “uma reação intuitiva”.

“Tomar uma represália semelhante é normal, uma medida espelho, mas trata-se de algo tão maciço que me espanta porque estamos a falar de uma guerra comercial e aquilo que queremos é diálogo intenso e esperamos que não se aplique uma medida destas”, sublinhou Jesus Seade.

Donal Trump fixou 10 de junho para  impor uma taxa alfandegária de 5% a todos produtos vindos do México até ao momento em que os migrantes ilegais que chegados desse país aos EUA parem.

“A taxa vai aumentar gradualmente até que o problema da imigração ilegal registe melhorias, altura em que as taxas serão eliminadas”, explicou Trump.

Numa declaração divulgada pela Casa Branca, o Presidente norte-americano definiu um calendário para o aumento gradual das taxas alfandegárias, caso o fluxo de migrantes ilegais, a partir do México, não pare.

“Se a crise [na fronteira] continuar, as taxas aumentarão 10% em 01 de julho de 2019. Da mesma maneira, se o México não atuar para reduzir drasticamente ou eliminar o número de estrangeiros ilegais que atravessam o seu território em direção aos Estados Unidos, as taxas alfandegárias sofrerão um novo aumento de 15% em 01 de agosto de 2019, de 20% em 01 de setembro de 2019 e de 25% em 01 de outubro de 2019”, indicou.

O Presidente norte-americano acrescentou que os agravamentos serão mantidos nos 25% “a menos e até que o México trave substancialmente o fluxo ilegal de extrangeiros que chegam [aos Estados Unidos] através do seu território”.

Donald Trump assinalou que se a crise dos migrantes “for aliviada”, através de medidas efetivas por parte das autoridades mexicanas, as taxas alfandegárias serão eliminadas.