Miguel Pinto Luz, antigo líder da distrital de Lisboa do PSD e vice-presidente da Câmara de Cascais — que já foi apontado como um potencial futuro líder do partido — disse acerca das europeias que o resultado de 21,9% do PSD foi “muito fraco”, mas que o ” resultado de António Costa também ele é poucochinho”. Em entrevista ao DN e TSF, Pinto Luz também falou das próximas legislativas que, acredita, podem ter o PSD como vencedor, independentemente do que dizem agora as sondagens.

Depois de quatro anos de festim, de regabofe, de distribuição sem medida, de acudir a todos os interesses, a todas as corporações, o Dr. António Costa tem 33%, mais 1,5% do que o tal resultado poucochinho”, diz Pinto Luz.

Mesmo com críticas ao PS, o social-democrata assume “sem rodeios” o estado do seu partido, que teve “um resultado muito fraco”. Mesmo que as eleições europeias voltassem a ser repetidas, o autarca continuaria a defender uma candidatura de Paulo Rangel. Quanto a culpas, afirma que “não interessa agora fazer a noite das facas longas nem, tão-pouco, a caça às bruxas”.

Para Pinto Luz, o atual presidente do PSD precisa de “lealdade” dentro do partido e de “fazer com estabilidade todo o mandato” para reverter a atual situação da derrota “histórica” das europeias. O autarca defende ainda que os laranjas precisam de ser capazes em “tornar clara a desgovernação deste governo socialista”, o que, para o social-democrata, não tem acontecido.

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Faz falta ao PSD denunciar o embuste que este Governo socialista tem sido. E que embuste é que tem sido? De facto, as pessoas hoje sentem melhor qualidade de vida, sentem mais dinheiro no bolso, sentem um desafogar do seu dia-a-dia. Portanto, mas que diabo, está aqui um político a dizer que isto é um embuste, mas que embuste é este? É um embuste do falso sucesso governativo. Eu digo que é o governo campeão do desinvestimento e campeão das cativações”, defende Pinto Luz.

Quanto à questão dos professores, que pôs o PSD a defender a que havia condições para pagar os retroativos do tempo de carreira congelada, o social-democrata diz que “todos os partidos estiveram muito mal”, incluído os laranjas. Para Pinto Luz, foi essa polémica que mudou o tema da campanha dos escândalos das relações familiares entre membros do partido socialista com cargos no Estado para problemas no PSD.

Mesmo assim, “o Dr. Rui Rio tem condições para ganhar as próximas legislativas, não vejo de outra forma“, diz Pinto Luz. Contudo, para isso acontecer, é preciso o PSD “concretizar” a agenda que tem defendido. “Sempre que o PSD ganhou eleições em Portugal foi porque era o partido da mudança. O PSD é o partido das reformas, das grandes reformas deste país. O PS é o partido do status quo, do andar para trás”, diz o social-democrata.

Como exemplo do que pode ser feito, Pinto Luz diz que faltam “políticas de habitação pública, claras” e “políticas de família”.

“Queremos dizer que queremos combater o envelhecimento e uma demografia com uma pirâmide que está a funcionar contratura em termos de sustentabilidade da segurança social, e não temos políticas ativas de família para responder a isto?”, questiona o autarca.

Pinto Luz acaba por reafirmar a lealdade a Rui Rio e afirma que tem de ser o atual presidente a disputar as legislativas, que se vão realizar a 6 de outubro. Quanto ao que dizem as sondagens, que põem o PSD em mínimos históricos também nas legislativas, não lhes dá importância: “Tenho 25 anos de militância no partido, e muitas batalhas começámos com sondagens muito, muito negativas, muitas. Lembro-me em Lisboa, lembro-me várias do Dr. Passos Coelho, e depois ganhámos”.

Quanto a vir ter um papel mais importante dentro do partido nas legislativas, o autarca cascalense não dá uma resposta certa. Pinto Luz afirma que o que mais se orgulha de ter feito na política são “os 15 anos de autarca em Cascais”, mas a ser convidado não deixa de parte aceitar: “tenho de fazer uma reflexão interna pessoal”.

Eu acho que a história ainda se vai fazer em relação a Pedro Passos Coelho. Fruto desta governação socialista que, de facto, não deixa vir à tona a realidade do país”, diz.

Quanto a disputar a liderança do partido, Pinto Luz não faz comentários e defende Pedro Passos Coelho, com quem partilhou 27 dias no último governo social-democrata como secretário de estado das infraestruturas. Contudo, o que o PSD precisa é de “trazer gente nova, caras novas, não do ponto de vista geracional, etário, mas do ponto de vista do pensamento e da forma de estar na vida e na política”. Mas para o futuro próximo, Pinto Luz diz que o “PSD de Rui Rio” vai ganhar as legislativas.