É uma ideia que todos temos desde sempre, mas que pode não ser bem como pensamos. E se, afinal, a fruta e os vegetais congelados forem tão saudáveis quanto os frescos, quando são congelados e comidos fora da estação adequada? É esta a opinião que Lisa Drayer, nutricionista e autora, defende num artigo publicado na CNN. “O facto de a fruta ir congelada significa que podem apreciar os frutos vermelhos e pêssegos durante o inverno e significa também menos deterioração, permitindo que se consiga aproveitar os produtos quando estes estão no seu melhor em termos nutricionais”, explicou a autora.

Sem negar que há sempre alguma alteração que ocorre, a nutricionista cita vários estudos que revelam como as frutas e os legumes congelados podem ter tantas ou mais vitaminas quando comparados com os frescos. Um desses exemplos é uma investigação de Ali Bouzari, um cientista de culinária e autor. “Se não podem pagar por um produto fresco ou viver numa área onde um armazém na rua é todo o acesso que conseguem, é importante que as pessoas saibam que o congelamento é uma alternativa viável”, explicou o autor.

O congelamento é a melhor opção quando não se pretende comer as frutas e legumes dentro de um dia ou dois ou quando não há acesso a produtos frescos, explicou a nutricionista, acrescentando que estes alimentos “são colhidos no pico da maturação e depois congelados individualmente e embalados sob nitrogénio”. Esta exposição ao nitrogénio ajuda a preservar os nutrientes que o oxigénio começa a degradar. Além disso, explica Lisa Drayer, e ao contrário das frutas frescas, as frutas congeladas são branqueadas antes e expostas a uma temperatura de água entre os 32 e 35 graus “que destroem enzimas que possam causar a descoloração, o escurecimento e a perda do sabor”.

O branqueamento mantém as cores das frutas razoavelmente verdejantes depois de congeladas e armazenadas — caso contrário, elas podem ter uma aparência acinzentada ou acastanhada”, explicou Gene Lester, fisiologista de plantas e líder do programa nacional do Departamento de Agricultura dos EUA, citado pela nutricionista.

Apesar de ser verdade que, “com o branqueamento, pode perder-se até 50% da vitamina C” destes alimentos, a boa notícia é que os alimentos “que são colhidos para serem congelados são, normalmente, colhidos no pico da sua maturação, onde são mais ricos em nutrientes quando comparados com os que são destinados a serem vendidos frescos e que são colhidos numa fase menos madura, menos densa em nutrientes”.

A autora destaca ainda a perda de nutrientes das frutas e vegetais frescos quando têm de ser transportados num camião durante alguns dias e depois colocados num armazém antes de chegar a uma mercearia convencional. “Aqui, a perda de nutrientes em produtos frescos ocorre como resultado da exposição ao oxigénio durante o transporte e armazenamento”, explicou.

A mesma situação acontece com os feijões, revela Mario G. Ferruzzi, professor do Departamento de Alimentos, Bioprocessamento e Ciências da Nutrição da Universidade da Carolina do Norte. “Quando se compara feijões frescos numa loja com feijões congelados, os congelados são quase sempre mais ricos em nutrientes porque foram colhidos e processados no ponto mais alto de qualidade e, depois, congelados como forma de preservação”.

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