É quase um sacrilégio alguém pensar em pegar num Ford Model A de 1931, em versão pickup e transformá-lo por completo, exigindo alguma boa vontade para se notar qualquer semelhança com o histórico veículos de há 88 anos. O Model A foi o segundo veículo produzido em série pela Ford, que depois de fabricar o Model T entre 1908 e 1927, passou a dedicar-se ao Model A entre 1927 e 1931.

Como era habitual na época, o Model A era oferecido com distintas versões de carroçaria, do mais luxuoso Town Car, aquilo que na altura se entendia como uma berlina de luxo, ao Roadster, descapotável de dois lugares, passando pela Pickup, com caixa de carga atrás. O motor, esse, era sempre o quatro cilindros em linha com 3,3 litros de capacidade, associado a uma caixa de três velocidades. O bloco era “grande”, mas a potência nem por isso, uma vez que os condutores podiam contar, no máximo, com 42 cv, o que era suficiente para empurrar o Ford até aos 105 km/h.

Foi exactamente num destes Model A Pickup que recaiu a atenção de Mike Burroughs, um transformador que alia perícia e meios, fundamental para um projecto deste tipo. Mike afirma que manteve do modelo original tudo o que lhe interessava, o que não deve ter sido muito, para depois construir quase tudo de novo. Mais baixo, mais largo e substancialmente mais agressivo, o novo modelo tem ainda a vantagem de estar homologado para circular na via pública, isto apesar das suas formas, no mínimo, diferentes.

O motor original desapareceu, surgindo no seu lugar um 5.0 V8 de um Ford Mustang de 2011, soprado por um compressor volumétrico destinado a fornecer mais ar, para assim garantir que mais gasolina pode ser queimada, debitando uma potência de 810 cv. Acoplado ao V8 sobrealimentado surge uma caixa de competição herdada de um modelo da Nascar, com apenas quatro velocidades mas mais do que capaz de lidar com a força da pickup. Em resumo, foram mais de cinco meses e meio de trabalho, que deram origem a um dos Hot Rod mais espectaculares do momento.

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