Três anos depois, Roger Federer voltou a Roland Garros. E já tinha pelo menos igualado o registo de 2015, quando ficou pelos quartos perdendo em três sets com o compatriota Stanislas Wawrinka, que conseguiria quebrar a hegemonia da troika que dominou quase por completo o circuito mundial de ténis nos últimos (largos) anos: Fed Ex, Rafa Nadal e Novak Djokovic. Agora, voltou ao mesmo palco, com o mesmo adversário e à mesma ronda para escrever uma outra história antes de marcar presença num dos jogos mais históricos da atualidade, frente ao amigo e rival espanhol que tenta a 12.ª vitória no Grand Slam.

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Sobre Rafa Nadal, poucas palavras para definir aquele que foi mais um “atropelo”: triunfo em três sets por 6-1, 6-1 e 6-3 em menos de duas horas (apesar de ter havido uma interrupção por causa da chuva pelo meio) frente ao japonês Kei Nishikori, segunda vitória com menos jogos cedidos da sua história nos quartos e 12.ª meia-final em Roland Garros, um recorde absoluto. Assim, o principal interesse estava no duelo entre suíços no outro court principal, bem mais equilibrado e emotivo.

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Depois da derrota precoce em Genebra, Wawrinka acabou por ser a grande revelação deste torneio até ao momento a par talvez de Nishikori, naqueles que eram os únicos jogadores que não fazem parte dos consagrados nem da nova vaga (Zverev, Thiem e Khachanov) nos quartos: venceu o checo Jozef Kovalik, derrotou de seguida o chileno Cristian Garín, superou na terceira ronda o búlgaro Grigor Dimitrov com três vitórias no tie break e chegou ao grande encontro da edição de 2019 até ao momento com o grego Stefanos Tsitsipas, que ganhou após mais de cinco horas de jogo com os parciais de 7-6, 5-7, 6-4, 3-6 e 8-6.

O desgaste físico para um jogador que caiu no ranking (e na qualidade) depois de várias lesões que o condicionaram nos últimos dois anos poderia ser mais um adversário para o suíço mas nem por isso Wawrinka deixou de levar Federer ao extremo (com uma interrupção por causa da chuva pelo meio), com o recordista de triunfos em Grand Slams a vencer por 7-6, 4-6, 7-6 e 4-6 num encontro marcado pelo equilíbrio, pelos breaks seguidos em alguns momentos e por jogadas fantásticas de ambos.

Perto de fazer 38 anos, Federer continua a encontrar capacidades para se reinventar como se tivesse entrado numa máquina do tempo e tudo fosse feito com o corpo de um miúdo de 20 anos. E, adaptações técnicas à parte no seu jogo, tudo é feito com uma dieta mais variada e rica do que é normal para os atletas profissionais, como escreveu na semana passada a Business Insider: waffles com compota ao pequeno almoço (com café e/ou sumo); bananas e barras energéticas durante os treinos e os jogos; um prato de massa com molho duas horas antes de entrar no court; comida italiana (com massas e pizzas) ou indiana nas refeições normais extra competição; e doces de quando em vez, entre chocolates e gelados.

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No entanto, e numa carreira onde já somou mais de 100 títulos, há ainda um (raro) registo de Federer por bater: 20 anos depois de ter perdido com o australiano Patrick Rafter na primeira vez que participou num Grand Slam (neste caso, também em Roland Garros), o suíço tentará ganhar pela primeira vez a Rafa Nadal no Major francês, depois de cinco derrotas sofridas frente ao espanhol entre meias-finais (2005) e finais (2006, 2007, 2008 e 2011). Se existem coisas às quais o helvético se mantém fiel (como a massa duas horas antes do jogo), há outras que parecem impossíveis e o espanhol na terra batida parece uma delas. Na próxima quinta-feira, esse será o extra num dos desafios mais aguardados nesta edição de 2019.

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