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  • Aqui fica um resumo das mais de cinco horas de audição de Francisco Bandeira na comissão parlamentar de inquérito à gestão da CGD. Obrigado por ter acompanhado no Observador

    Francisco Bandeira e o mistério de quem defendeu maus créditos na CGD. “Operações não são filhas de pai incógnito”

  • Boa noite. E obrigado por ter acompanhado nesta audição quase cinco horas.

  • Dois administradores da Caixa abstiveram-se na decisão de recusar a OPA da Sonae sobre a PT

    As últimas respostas ao PSD sobre a forma como a Caixa decidiu recusar a OPA (oferta pública de aquisição) lançada pela Sonae sobre a Portugal Telecom em 2006. Francisco Bandeira garante que não houve qualquer interferência do Governo nesta decisão e revela que no conselho de administração que decidiu o voto da Caixa houve dois administradores que se abstiveram: Norberto Rosa, que será ouvido esta quinta-feira, e José Berberán Ramalho.

    O antigo gestor da Caixa já tinha respondido a Mariana Mortágua quando recusou qualquer interferência ou pressão de membros do Governo quando confrontado com referência em escutas da Operação Marquês a supostas pressões sobre a Caixa sobre o financiamento ao Autódromo de Portimão. “A transparência no processo de decisão da Caixa não permite que uma pessoa que não tenha o pelouro” interferisse, sem que isso transparecesse aos outros que se tratava de alguma coisa estranha.

    Francisco Bandeira aproveitou os últimos minutos para clarificar que, ao contrário do que foi referido pela deputada do PSD, Inês Domingos, numa audição anterior, não foi ele que aprovou um empréstimo da Caixa à filha de Armando Vara.

  • Escritório de advogados externo assessorou bancos no acordo que deu penhor sobre dona da coleção Berardo

    Cecília Meireles do CDS quer saber se nos 11 reforços de garantia que a Caixa negociou com Joe Berardo para evitar o incumprimento devido à desvalorização das ações do BCP, alguma vez foi tentada a execução. Diz que não porque as garantias foram reforçadas.

    E durante a negociação do acordo com os bancos que conduziu ao penhor sobre os títulos da dona da coleção Berardo, e que Bandeira classifica de garantia real, alguém levantou a questão desse penhor não ser sobre a coleção de arte, mas sobre os títulos da associação? Bandeira responde que foi uma entidade externa que assessorou os três bancos nesse negócio. Qual foi? Um gabinete que prefere não identificar porque não tem a certeza.

  • Mariana Mortágua volta a Vale do Lobo. Porque é qie este crédito foi aprovado em conselho de credito e não conselho alargado de credito? Eram mais de 170 milhões e quando chega ao conselho alargado já tinha o aval do conselho de crédito. Não sabe responder, mas estranha.

    O financiamento à Selenis, “também é estranho”, comenta Mortágua. Quem era o grupo acionista da Selenis? Não sabe responder, sabe que tinha a ver com o grupo Matos Gil.

    A deputada do bloco invoca a cláusula do contrato de financiamento com a Caixa que impedia o devedor de vender a empresa antes de pagar o empréstimo, sem autorização da Caixa. E lembra que a CGD demora mais de um ano a executar um empréstimo após incumprimento e quando tenta executar, o acionista não era o mesmo.

    Bandeira não tem explicação.

  • Vara assinou despacho que delegou em si próprio poder para emprestar mais a Vale do Lobo

    As perguntas regressam a Vale do Lobo. A deputada do PSD pergunta quem redigia os despachos decididos em conselho de crédito.

    O habitual, explica, era ser o diretor do serviço — Alexandre Santos — que depois era assinado pelo administrador. Identifica a assinatura de Armando Vara? Sim senhor.

    Bessa Ruão levanta-se e mostra o despacho que aprovou o financiamento de 200 milhões de euros aos donos do resort. Bandeira valida que foi Armando Vara quem assinou o despacho que lhe delega o poder para aumentar o financiamento para 200 milhões de euros, os tais seis milhões de euros em relação ao financiamento aprovado em conselho de 194 milhões de e euros e que terá decidido sozinho.

    Bandeira diz que há dois erros no despacho. Não é o próprio que delega, mas sim o conselho de administração, mas acaba por não identificar o segundo erro. Admite contudo que há um problema de construção do despacho de delegação, mas não especifica se se trata apenas de uma falha formal.

  • As perguntas voltam ao PSD. Conceição Bessa Ruão questiona Bandeira sobre porque demorou tanto tempo a execução de Berardo após a entrada em incumprimento. “Penso que se fez o que podia fazer foi feito”. E entra em incumprimento porque o BCP desvalorizou 98%. “Fez-se o que se podia fazer na altura”.

    Bandeira recusa ainda a tese de que a proposta para agilizar a concessão de crédito tenha resultado numa redução de capacidade da direção do risco da Caixa.

  • Pausa no fim da primeira ronda. Audição já dura há três horas e meia.

  • Bandeira contraria ex-diretor da Caixa. Para mim, quem defendia os créditos, eram quem os apresentava.

    O deputado comunista pede ajuda a Francisco Bandeira para resolver um mistério.

    O antigo diretor de grandes empresas Cabral dos Santos frisou que apresentava as operações ao conselho de crédito, mas não as defendia. Se a área comercial não as defendia e o risco também não, então quem as defendia? Ninguém. Era o Sr?

    Francisco Bandeira responde: “Fiquei estupefacto com essa afirmação. Considero-o uma pessoa de bem. Mas para mim, quem apresenta as operações apresenta porque as defende e acredita nelas. E quem pode dar luz verde é o administrador do pelouro.

    Está a desmentir Cabral dos Santos?, pergunta Paulo Sá.

    “Não disse isso. mas não percebi essa nuance reativa de que a apresentação não fosse uma defesa. É algo novo para mim. Quem tinha de ir a jogo era a pessoa que tinha o pelouro. As operações não são filhas de pai incógnito”.

    Francisco Bandeira lembra também que houve créditos que tiveram parecer favorável do risco e que correram mal e outros que correram bem e foram “chumbados” por esta direção.

  • Quem definiu estratégia de financiar compra de ações? Foram os clientes que pediram crédito

    Paulo Sá do PCP volta ao tema da concessão de empréstimos para a compra de ações. “Quem definiu a estratégia de financiar operações especulativas?

    “Foram os clientes quando nos solicitaram para fazer essas operações. Não foi uma estratégia”. Francisco Bandeira nunca assistiu a nenhuma orientação do acionista. e nunca participou num conselho de administração em que tivesse tido a visão global da exposição ao banco A ou à empesa C.

  • O ex-administrador da Caixa dá uma longa explicação sobre a organização do grupo em Espanha para responder porque houve transferências de créditos para a sucursal da Caixa em Espanha.

    Numa primeira fase, em 2008, as operações grandes e as respetivas provisões roubavam o capital necessário para a expansão comercial do Banco Caixa Geral, não se recorda de existirem grandes incumprimentos nessa altura. Depois em 2013, e por força da reestruturação imposta pela Comissão Europeia, foi necessário tornar a operação espanhola autosustentável em termos de financiamento, daí que tenham sido transferidas operações problemáticas para a sucursal que foi usada como uma espécie de banco mau. Do ponto de vista patrimonial, é igual para o grupo Caixa, sublinha.

  • Bandeira deixou a garantia de que nunca para fez empresários devedores do BPN que eram da Caixa. A deputada do CDS pergunta sobre um crédito à Opway, a construtora do Grupo Espírito Santo? Bandeira não sabe e pergunta se esta operação ficou na Parvalorem ou se passou para o BIC que comprou a parte saudável do antigo BPN.

    A construtora que era do Grupo Espírito Santo bateu à porta da Caixa quando o Banco de Portugal limitou o financiamento dado pelo BES, banco do seu acionista. Esta empresa, diz Cecília Meireles, engrossou o grupo de empresas que não pagou à Caixa e anuncia que o CDS vai pedir à Parvalorem e ao BIC os processos de crédito relativos a empresas que estão na lista de devedores da Caixa e que foram decididos entre a data de nacionalização do BPN e dezembro de 2011, data em que o BIC ficou com a operação. Não é claro se haverá outros casos para além da já referida Opway.

  • CDS quer saber se Caixa empurrou para o BPN créditos problemáticos

    Cecília Meireles dirige as perguntas para o Banco Português de Negócios (BPN) cuja gestão foi assumida pela Caixa após a nacionalização em 2008. Em novembro de 2008, Bandeira assumiu funções no banco.

    A Caixa financiou o BNP em 4200 milhões com garantia do Estado e destes, 500 milhões, foram para credito novo, dizia a Parvalorem (empresa pública que ficou com créditos problemáticos do banco). É assim? Não, responde Bandeira categórico.

    O ex-gestor recorda que Parvalorem fez queixa crime contra a gestão que a Caixa fez do BPN antes deste ser dividido e vendido e sobre a ideia de que a Caixa empurrava o que era mau para o BPN e financiava o banco com custos elevados. Sabe que foi arquivado? Sim, responde Cecílie Meirles. Mas isso não quer dizer que não seja importante para esta comissão. A deputada quer saber se algum cliente da Caixa se foi refinanciar ao BPN passando o problema para o Estado que ficou com os créditos tóxicos deste banco.

  • Francisco Bandeira responde agora ao CDS-PP (Cecília Meireles). Sobre quem o convidou para a adminstração da Caixa, Bandeira responde que foi Teixeira dos Santos (quer para vogal da administração em 2005 como para vice-presidente em 2008). Quanto a orientações do acionista, o Estado, Francisco Bandeira rejeita interferências nos assuntos mais particulares, como operações de concessão de crédito.

    “Tratávamos das questões num almoço, ora nas Finanças, ora a quatro [com o ministro das Finanças, o secretário de Estado (não disse qual), o presidente da Caixa e o vice-presidente]. Tratávamos de assuntos de estratégia, de capital ou de necessidades de capital. Mas nunca, nunca nessas reuniões houve alguma orientação micro”, disse o ex-responsável.

  • Caixa não executou Berardo em 2008, porque obteve penhor sobre coleção de arte que depois não conseguiu executar

    No final de 2008, a Fundação Berardo deixa de pagar juros e tinha então um património de mil milhões. Porque não executaram a fundação nessa data (pergunta de Mariana Mortágua)? Porque a banca encontrou uma solução alternativa de reforço de garantias reais que permitiu a reestruturação do empréstimo. A resposta de Bandeira remete para o acordo tripartido com o BES e o BCP que deu o penhor dos títulos da dona da Coleção Berardo, a tal garantia que nenhum banco conseguiu até agora executar.

    Sobre uma execução em 2008, Bandeira alerta para o efeito que teria no sistema — a venda de ações do BCP.

    A deputada recorda que deste acordo resultou a carência de 18 meses do pagamento de juros e financiou-se Berardo em mais sete milhões para pagar juros. Houve parecer do risco? Não recorda.

    Então o património justifica a concessão de empréstimo e não a execução? A deputada do Bloco responde à sua pergunta:

    “Há sempre uma boa razão para não executar património. A verdade é que nunca se executou enquanto havia património para executar.”

  • Financiamento inicial a Berardo. "Diziam que o homem tinha dinheiro, não fui lá contar". 

    O que o levou a aprovar o crédito original de 50 milhões de euros à Metalgest em 2006? Pergunta da deputada do Bloco de Esquerda.

    “Fiquei provavelmente convencido com o que ouvi na altura, mas não recordo qual era o racional”. Francisco Bandeira admite que terá sido um conjunto de coisas que não consegue reproduzir, entre os quais a “situação financeira do acionista e a capacidade de gerar resultados extraordinários na bolsa. “Bandeira remete a responsabilidade pelo negócio para o diretor de crédito de grandes empresas, Cabral dos Santos, e para o administrador Maldonado Gonelha.

    “Não quero estar a fazer exercício de contorcionismo” de memória e acaba por repetir motivos também invocados por Celeste Cardona à comissão de inquérito. “Diziam que o homem tinha dinheiro, não fui lá contar”.

    Sobre a linha de financiamento de 350 milhões de euros aprovada em 2007, não sabia que era um refinanciamento, nem que era especificamente para comprar ações do BCP.

  • Chega a vez de o Bloco de Esquerda fazer perguntas a Francisco Bandeira. Tema? O empréstimo de 50 milhões de euros que a Caixa concedeu à Metalgest, do empresário madeirense Joe Berardo. O montante serviu para comprar ações do BCP, no início do que ficou conhecido como “o assalto ao BCP”.

    Mariana Mortágua: “Sabia que a Metalgest tinha uma relação negativa entre os seus recebimentos e os seus encargos?

    Francisco Bandeira: “Fala-me do EBITDA da empresa, que era negativo. Sim, tive a oportunidade de constatar isso”.

    MM: “E sabe que a Metalgest apenas teve números positivos por causa de um resultado extraordinário da venda de uma participação social?”

    FB: “Sim, como decorre da natureza de uma empresa desse género”.

    MM: “Então, a única forma de a Metalgest pagar esse empréstimo era os dividendos do BCP ou se as ações fossem vendidas por um valor superior ao valor da compra”.

    FB: “Não necessariamente, a Metalgest tinha património que poderia ser vendido”.

    Mas a deputada do Bloco de Esquerda insiste. “Nenhum banco dá empréstimos com base em resultados extraordinários”. E levanta a questão de ninguém na Caixa ter avaliado os cashflows da Metalgest nem o património da empresa.

    Francisco Bandeira recorre ao número de anos que já passaram desde a concessão inicial do crédito. “Isso foi em 2006, não me recordo”.

    MM: “Pois digo-lhe desde já que não foi. Nem foi feito uma análise ao património”.

    E confronta Francisco Bandeira com o carácter único do crédito concedido à Metalgest. “Este crédito foi caso único. Dependia dos dividendo para pagar os juros dívida e de resultados extraordinários para pagar. Isto não existe em mais nenhum crédito”, diz. “Como é que foi negociado este crédito, por quem?”.

    “Não tendo sido o administrador desse negócio, eu não lhe posso dizer se foi o João ou o Francisco. É impossível eu ter essa informação ainda que ténue. Acho que ninguém conseguiria”, responde o ex-responsável da Caixa, recordando porém que, regra geral, o diretor com esta operação era José Pedro Cabral dos Santos.

  • Bandeira não votou contra compra da Abrantina pelo Grupo Lena. "Tinha boa impressão daquela gente"

    A deputada socialista Constânca Urbano de Sousa pega num tema que tem desenvolvido com especial detalhe nesta comissão. A compra da construtora Abrantina pelo grupo Lena com financiamento da Caixa.

    A compra da Abrantina, recorda, foi proposta à banca de investimento da própria CGD e permitiria dar escala à Lena. Eram empresas complementares, mas tinham vocação em mercados distintos.

    Francisco Bandeira assinala a dívida que a Abrantina tinha à Caixa e que a situação da empresa não era boa. “O risco Lena era um mal menor e havia o efeito indireto dos fornecedores da Lena que estavam também expostos à Abrantina. Sobre a substituição que a Caixa aceitou de um aval da Lena por o de uma casa agrícola, Bandeira tem ideia que era nessa casa agrícola que estavam os bens da família Barroca, dona da Lena.

    Francisco Bandeira trabalhou no centro do país, da qual eram as duas construtoras. “Assisti ao crescimento do grupo Lena. Tinha boa impressão daquela gente. Comprei a operação como foi proposta” O antigo administrador explica que não votou contra, por causa da informação que tinha sobre o grupo e por ter sido estudada pelo “nosso banca de investimento não me suscitou duvida suficientemente relevantes:”

  • "Quanto à segunda questão... Perdi-me"

    Constança Urbano de Sousa (PS) confronta Francisco Bandeira com o facto de a Caixa não ter sido prudente ao financiar uma operação especulativa de Joe Berardo (a compra de ações do BCP). Francisco Bandeira desvaloriza: a Caixa foi equilibrada nas garantias que pediu (ou não pediu), foi surpreendida por uma desvalorização brutal do banco BCP e só fez o que os outros bancos também faziam. Mas admitiu que, à luz do que se sabe hoje, concordaria com a opinião da deputada socialista.

    Vamos por frases:

    “O senhor Berardo foi chamado à caixa 11 vezes até novembro e 2008. E se trazia ações é porque não estavam penhoradas noutro lado”.

    “À luz do que sabemos hoje concordaria com a senhora deputada”.

    “Acho que nunca vi, ao longo da minha carreira bancária [de 35 anos] nenhum banco a desvalorizar mais de 40 por cento. E este [o BCP] desvalorizou 98%”

    “Todos os bancos faziam isto. A CGD não viveu numa ilha, não viveu imune à crise. Viveu no olho do furacão”.

    “Quanto à segunda questão… Perdi-me”.

  • La Seda. "Não pode querer que responda uma coisa que não sei. Ou então minto".

    O deputado do PSD — as perguntas de Duarte Marques e respostas já duram há mais de uma hora — levanta o tema La Seda.

    Francisco Bandeira explica que porque é “totalista dos conselhos de credito”. Era “o único que estive nos dois conselhos de administração e porque tinha as direções que apresentaram as operações”. Isto depois de ter afirmado que no top 25 das maiores perdas não estava nenhuma operação apresentada pelas suas direções. Logo, não sabe detalhes sobre o processo da La Seda. Quanto questionado sobre porque a Caixa manteve o financiamento à La Seda e aumentou o crédito ao projeto Artlant (fábrica em Sines), depois de ser alertada para irregularidades no grupo catalão, sugere.

    Pergunte a Jorge Tomé— que virá à comissão de inquérito esta sexta-feira — foi ele que se demitiu da administração da La Seda espanhola. “Não pode querer que eu responda alguma coisa que não sei. Ou então minto. Não era da minha área, não houve uma decisão do conselho para tomar essa decisão”.

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