Na última sexta-feira, uma mulher apresentou uma queixa-crime na polícia de São Paulo por uma alegada violação de Neymar a 15 de maio, num hotel em Paris. A notícia não demorou a circular, com o jogador numa primeira reação a publicar um longo vídeo na sua conta oficial do Instagram a negar a acusação e a mostrar todas as mensagens trocadas com Najila Trindade via WhatsApp – uma publicação que se tornou viral mas que foi pouco depois apagada pelo jogador do PSG. Esta terça-feira, na sequência do abandono do caso por parte da equipa de advogados que trabalhava com a modelo, chegou a ser levantada a possibilidade de haver um acordo entre as partes que colocasse um ponto final na questão. No entanto, não só isso aconteceu até ao momento como se tornou numa história com outros desenvolvimentos. E para todas as parte.

Neymar nega acusação de violação e divulga mensagens íntimas: “Foi uma armadilha”

No comunicado onde apresentou a renúncia ao caso, o antigo advogado de Najila Trindade explicou que a sua cliente “sempre disse que tinha tido sexo consentido com Neymar, que, entretanto, se tornou agressivo”. “Por raiva ou por vingança, a senhora registou a queixa com alegados factos que estão em desacordo com o que nos disse, relatando ter sido vítima de violação, quando perante nós assumiu e demonstrou ter sido vítima de agressões”, salientou. Mais tarde, em declarações à Globo, José Edgard da Cunha Bueno Filho veio referir que o facto de ter saído do caso não significa que a sua ex-cliente tenha mentido: “Nunca falámos que tivesse mentido. Analisei os factos, o conjunto probatório e disse que, na minha avaliação técnica, tratava-se de um caso de agressão. Mas o delegado ou o Ministério Público poderiam interpretar de forma diferente, é passível disso”.

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“Convenci-me da agressão, nunca tratámos o caso como uma violação. Ela só passou a tratar o caso como violação após a frustração do acordo”, acrescentou, a propósito da tentativa falhada de acordo entre os advogados das duas partes. “Eu era contra a divulgação, achava que a exposição provocaria muita pressão sobre ela, que tem um filho. E também para ele, que é uma estrela da seleção”, concluiu Bueno Filho, do escritório Fernandes e Abreu Advogados.

Já a Folha de São Paulo noticiou que Najila Trindade, modelo conhecida por ter sido a cara de algumas campanhas publicitárias e por ter também entrado num videoclipe do grupo Zula, falhou duas vezes a convocatória para prestar depoimento na 6.ª Delegacia da Mulher, em São Paulo, na segunda e na terça-feira. Em paralelo, nem a própria nem a sua nova representante legal terão dado qualquer explicação para a não comparência, o que terá deixado a delegada Juliana Lopes Bussacos irritada com o sucedido – não tanto pela atitude ou pelo caso em si mas porque a constante presença de meios de comunicação social no bairro de Santo Amaro deixou constrangidas outras mulheres que quisessem deslocar-se a esse posto para apresentarem queixa.

O El Español acrescenta que, de acordo com informação pública judicial de São Paulo, a modelo brasileira foi condenada na passada quinta-feira, dia 30 de maio, um dia antes de apresentar queixa por violação contra Neymar, a pagar quase 27 mil reais (cerca de 6.200 euros) por rendas em atraso do seu apartamento, existindo ainda um outro processo em que a Escola Panamericana de Artes lhe pede 4.160 reais de dívidas por regularizar (950 euros).

Por seu turno, o ex-marido de Najila Trindade, Estuvens Alves, admite que ficou com o filho de ambos na viagem da modelo a Paris e acusa o jogador que ter prejudicado a vida da criança ao divulgar o seu nome nas conversas que mostrou no vídeo que publicou no Instagram. “O meu incómodo é o Neymar ter exposto o meu filho e ele hoje ter que estar protegido, sem a sua vida normal. Estou a tentar reverter essa exposição que está a causar-lhe danos. Esta semana nem foi à escola. Eu sei que ele precisa zelar pela carreira dele mas há outras vidas envolvidas”, comentou também à Folha de São Paulo, referindo ainda que Najila Trindade seria “incapaz de inventar” uma história com esta gravidade: “Encontrei-a quando chegou. Estava um pouco calada, assustada. Não sei o que aconteceu lá. A Justiça tem que decidir quem está certo e quem está errado”.

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Concentrado na seleção, o avançado, que ainda antes do caso já tinha sido afastado de capitão de equipa (Dani Alves, também do PSG, subiu a número 1 da hierarquia), tem sido defendido pelos companheiros, pelo selecionador Tite e pelo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo. “Temos total confiança em Neymar, sabemos a pessoa que é, o homem que é e o desportista que é. A CBF acompanha o caso com total confiança de que será resolvido o mais rapidamente possível”, destacou. No entanto, também há quem defenda que o melhor para o jogador seria não participar na Copa América, pelos danos que toda a questão têm provocado no dianteiro de 27 anos formado no Santos.

“Se Neymar jogar, o Brasil pode não chegar ao título. Conheço a imprensa e a imprensa vai cair em cima dele. Há muitas coisas mais para aparecer. Um amigo meu do Rio de Janeiro disse-me que há mais um vídeo para ser lançado cá para fora”, comentou Francisco Noveletto, vice-presidente da CBF, à SBT. “Tenho um neto praticamente da idade do Neymar. Imaginem o que vai na cabeça deste menino de 27 anos. O mundo inteiro está a falar da acusação de violação, não é uma dor de cabeça ou uma gripe. Na minha opinião, Neymar devia pedir para não jogar a Copa América”, acrescentou mais tarde à Fox Sports, numa opinião que destacou ser meramente pessoal e que não vincula a Confederação Brasileira de Futebol.