O líder parlamentar do PS dramatizou esta sexta feira a importância de se aprovar uma nova Lei de Bases da Saúde, considerando que “seria uma responsabilidade muito negativa” PCP e BE permitirem que a atual legislação se mantenha em vigor.

“Seria uma responsabilidade muito negativa, por parte dos partidos à nossa esquerda, permitir que continue em vigor uma lei que eles acham pior do que a lei que estão agora a discutir”, afirmou Carlos César, no Palácio de Belém, em Lisboa, onde uma delegação do PS foi recebida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, durante cerca de uma hora.

Em declarações aos jornalistas, o presidente e líder parlamentar do PS considerou que “a Lei de Bases da Saúde tem todas as condições para merecer um voto do PCP, para merecer um voto do Bloco de Esquerda, porque é, como disse, uma lei melhor do que a anterior” e defendeu que “esses partidos têm a responsabilidade de remar nesse sentido”.

Segundo Carlos César, o PS quer aprovar uma lei que “atende a conceitos que devem ser caros aos partidos à esquerda, e até ao próprio PSD”, mas com “uma acentuação de princípios fundamentais que são caros aos partidos da esquerda em geral”.

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“O BE, o PCP, o PEV, até o próprio PSD devem pensar que é importante termos uma lei melhor do que a lei anterior”, reforçou.

No final desta audiência, realizada no âmbito nos contactos regulares do Presidente da República com os partidos com assento parlamentar, Carlos César voltou também a falar sobre a polémica quanto ao envolvimento e conhecimento que o ex-governador do Banco de Portugal Vítor Constâncio teve ou não sobre o crédito da Caixa Geral de Depósitos (CGD) concedido ao empresário Joe Berardo.

“Eu não tenho direito de fazer juízo sobre memória das pessoas, mas se eu fizesse parte de uma instituição de supervisão, e fizesse parte enquanto nós discutimos um empréstimo dessa envergadura, teria pelo menos alguma ideia do que se tinha passado”, disse.

O líder parlamentar do PS referiu que “o vice-governador do Banco de Portugal na altura [Pedro Duarte Neves] também foi ouvido na comissão parlamentar de inquérito [sobre a CGD] e também não se lembrou desse episódio”.

“Portanto, das duas, uma: ou haverá uma explicação específica para esse esquecimento coletivo, ou então haverá uma explicação também da razão pela qual isso não aconteceu”, concluiu.

Carlos César foi ainda interrogado sobre o pedido do PSD para ouvir o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais no parlamento e respondeu que essa audição “será encarada com naturalidade”, porque o PS entende, por princípio, que é obrigação do Governo prestar esclarecimentos quando algum partido assim o entende.