Uma mulher de 94 anos foi encontrada em estado desnutrido por familiares e vizinhos em Montemor-o-Novo. A sua cuidadora, que terá forçado a colocação dos bens da vítima em seu nome, é a principal suspeita. A vítima acabou por morrer na segunda-feira, segundo avança o Jornal de Notícias (artigo não disponível online).

O alarme foi lançado quando os vizinhos se aperceberem de um cheiro intenso a urina, que se fazia sentir na escadaria do prédio, e depois de vários dias em que Joaquina Amador não apareceu à janela de sua casa.

Foi então que Francisca Bravo, vizinha da vítima, se dirigiu ao apartamento numa manhã. Quando chegou a “fechadura já tinha sido mudada”, relatou ao JN.

“Ela conseguiu levantar-se a muito custo e abrir-nos a porta. Foi quando vimos como estava a cama onde ela dormia, toda molhada e cheia de dejetos“, explica Francisca. Lurdes Amador, cunhada da vítima, conta ainda que o frigorífico estava praticamente vazio. Com sinais evidentes de desnutrição, a idosa acabou por ser reencaminhada para o hospital a 16 de maio.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Violência sobre idosos registada em linha SOS teve um aumento de 20% em 2018

As vizinhas, uma cunhada e uma sobrinha da nonagenária acusam a cuidadora, que vivia num monte perto da vítima, de não ter cuidado devidamente da idosa, fazendo-a passar fome, não tendo os devidos cuidados de higiene e convencendo-a a transmitir-lhe a posse de todos os seus bens — incluindo a casa onde vivia.

A situação de Joaquina degradou-se nos últimos meses, depois da morte do irmão, que “a visitava e apoiava”, em janeiro. No entanto, as análises realizadas após a chegada da idosa ao hospital indicavam que a mesma não sofria de qualquer tipo de doença. “O que a senhora tem é fome, está mal nutrida” explicou um dos médicos. Joaquina acabou por falecer no hospital de Évora, esta segunda-feira.

Quando o JN tentou contactar a acusada, esta remeteu para os seus advogados. Rita Henriques, uma das suas representantes, disse que não se iria pronunciar sobre o caso. “Não fomos notificados oficialmente”, justificou.