O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) anunciou esta sexta-feira, no Porto, que vai promover uma petição pública para que a carreira de enfermagem, assim como o descongelamento das progressões, sejam reavaliadas na Assembleia da República.

A carreira publicada a 27 de maio, além de não valorizar a profissão, potencia muitas injustiças na transição. Cerca de 70% dos enfermeiros transitaram para a nova carreira sem qualquer alteração remuneratória”, afirmou, em conferência de imprensa, a dirigente do SEP/Porto, Fátima Monteiro.

Segundo a sindicalista, “são centenas os enfermeiros especialistas que não foram contemplados com o respetivo suplemento. Só no Hospital de Santo António/Centro Hospitalar do Porto (CHP) ficaram de fora 175 enfermeiros especialistas, sendo esta situação similar a outras instituições. Por exemplo, no Hospital de Gaia, de 329 enfermeiros especialistas, só 233 irão usufruir do suplemento remuneratório”.

De acordo com Fátima Monteiro, “o descongelamento das progressões é o problema mais sentido neste momento pelos enfermeiros. O Ministério da Saúde e o Governo aprofundam as injustiças ao não contabilizar todo o tempo de serviço para efeito de progressões”.

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“Consideram que a passagem ao salário mínimo dos enfermeiros, de 1.201 euros, é uma progressão e, por esta via, todos os pontos que estão para trás desta data são anulados, o que impede os colegas de progredir. É injusto, porque sem poderem progredir ficam cerca de 16 mil enfermeiros. Ou seja, um enfermeiro que chega à profissão ganha 1.201 euros, exatamente o valor que ganha um enfermeiro com 10, 15 ou 20 anos”, sublinhou. Em seu entender, o valor económico de um enfermeiro com 15 ou 20 anos tem de ser superior — “Isto é inaceitável e cria uma tremenda injustiça”, disse.

O SEP defende que na profissão “não há enfermeiros de primeira e de segunda, todos os que desempenham as mesmas funções terão de ter as mesmas condições de trabalho”.

Também relativamente à admissão de enfermeiros, “continuamos a assistir a uma grave carência. Por exemplo, o CHP continua a recorrer a trabalho extraordinário com turnos consecutivos de 12 horas, continua à espera de autorização para admitir 65 enfermeiros para colmatar a passagem às 35 horas. Idêntica situação ocorre, por exemplo, no hospital de Gaia”, acrescentou.

Para debater estas questões, disse Fátima Monteiro, o SEP vai pedir uma reunião com caráter de urgência ao Ministério da Saúde.

A petição pública será lançada brevemente, concluiu Fátima Monteiro.