O Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, disse este domingo que o acordo alcançado com o México inclui elementos ainda não divulgados, enquanto o Governo mexicano evitou confirmar se se comprometeu a aumentar as suas importações agrícolas.
Numa série de publicações na rede social Twitter, o Presidente norte-americano defendeu o pacto migratório alcançado sexta-feira com o México, que levou à suspensão de taxas sobre todas as importações mexicanas, após o jornal The New York Times informar que alguns pontos do acordo já tinham sido decididos há alguns meses.
“Antes, o México não estava a cooperar na fronteira, e agora tenho plena confiança, especialmente depois de conversar ontem com o seu Presidente [Andrés Manuel López Obrador], que vão cooperar muito e que querem fazer um bom trabalho”, escreveu Trump.
O Presidente dos EUA, citado pela agência espanhola Efe, acrescentou que, no entanto, se “por alguma razão desconhecida” não se concretizar essa cooperação do México, pode-se sempre voltar à “posição anterior, e muito lucrativa”, de ameaçar com as taxas, embora não ache “que isso seja necessário”.
O chefe de Estado norte-americano disse que “algumas coisas acordadas não foram anunciadas no comunicado” de sexta-feira, “uma em particular”, que “será anunciada no momento adequado”.
A Casa Branca não deu mais detalhes sobre o que poderia ser esse acordo sem precedentes, e o secretário de segurança dos EUA, Kevin McAleenan, apenas lembrou que, como anunciado na sexta-feira, as negociações devem continuar durante os próximos 90 dias.
“Há um mecanismo para garantir que eles [México] façam o que prometeram, que haja um resultado e que se veja uma grande redução nos números” de imigrantes que chegam aos EUA, disse McAleenan à cadeia televisiva Fox News.
A embaixadora do México nos EUA, Martha Bárcena, explicou depois, em entrevista à cadeia televisiva CBS News, que na sexta-feira foi divulgada “uma declaração conjunta de princípios”, que servirá como base de trabalho a “seguir nos próximos meses em relação à migração”.
A representante diplomática salientou que o objetivo é reduzir o número de migrantes que chegam aos Estados Unidos para níveis de 2018, prevendo “resultados num período relativamente curto, de um mês ou mês e meio”, com a mobilização de 6.000 soldados da Guarda Nacional mexicana na fronteira com a Guatemala.
A embaixadora, porém, não confirmou que, como parte do acordo alcançado na sexta-feira, o México “concordou em começar imediatamente a comprar grandes quantidades de produtos agrícolas” dos EUA, como Trump disse num ‘tweet’ no sábado.
…..Mexico was not being cooperative on the Border in things we had, or didn’t have, and now I have full confidence, especially after speaking to their President yesterday, that they will be very cooperative and want to get the job properly done. Importantly, some things…..
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) June 9, 2019
“Estou absolutamente certa de que o comércio de produtos agrícolas poderá aumentar drasticamente nos próximos meses”, devido à combinação da suspensão das taxas e “a ratificação do [acordo comercial] T-MEC” nos EUA, México e no Canadá, disse Bárcena.
A entrevistadora pediu para Bárcena esclarecer se falava de um acordo paralelo alcançado durante as negociações da semana passada, ou se se referia a tendências de negócios, mas apenas teve como resposta: “Estou falando de comércio”.
O acordo anunciado na sexta-feira permitirá a expansão de um programa para toda a fronteira comum, que se aplicava apenas a três pontos de entrada na área fronteiriça, que obriga os requerentes de asilo a aguardarem no país vizinho enquanto os seus casos são analisados nos EUA.
A oposição democrata nos EUA criticou Trump por usar a ameaça de taxas para extrair compromissos do México em matéria de imigração, e dois candidatos presidenciais, Bernie Sanders e Beto O’Rourke, atacaram hoje o presidente pela ameaça de que, se não houver avanços em relação aos migrantes, retomará a ameaça de taxas.
“Precisamos de um relacionamento decente com o México. São nossos aliados, como o Canadá, não devemos enfrentá-los todos os dias”, disse Sanders à CNN.