O Governo do Afeganistão libertou nos últimos dias mais de 250 prisioneiros talibãs, os primeiros de um total de 900, num gesto de boa vontade sem precedentes para abrir caminho para possíveis negociações de paz.

“Neste processo, de acordo com o decreto do presidente (Ashraf Ghani), cerca de 900 prisioneiros talibãs serão libertados gradualmente das prisões de todo o país”, anunciou esta terça-feira o porta-voz do Palácio Presidencial, Arif Samim, à agência de notícias Efe.

Em conformidade com o anúncio feito pelo presidente do Afeganistão por ocasião do Eid al-Fitr, festa que assinala o fim do mês de jejum do Ramadão, 170 insurgentes saíram da prisão Pul-e-Charkhi, em Cabul, enquanto os restantes deixaram os centros penitenciários em Herat (noroeste) e Nangarhar (leste).

Ashraf Ghani, que no anúncio não adiantou detalhes sobre os prisioneiros, indicou que os casos dos 900 talibãs foram investigados e apenas incluem aqueles que não vão regressar às fileiras dos insurgentes nem representam uma ameaça à segurança no Afeganistão.

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O Presidente afegão promulgou o decreto após uma grande assembleia popular – a Loya Jirga – em abril passado pedir ao executivo um passo como este para criar uma atmosfera de confiança que leve os talibãs a sentar-se à mesa com Cabul, algo para o qual recusaram até ao momento.

“Como sinal de respeito pelas recomendações da Loya Jirga, este é um gesto de boa vontade por parte do Governo”, realçou Arif Samim sobre a maior libertação em massa de insurgentes em 18 anos de conflito.

Em comunicado, o porta-voz talibã, Zabihullah Mujahid, aplaudiu a medida, que descreveu como “bom passo”, ao mesmo tempo que pediu que o “processo continuasse”.

Sem esclarecer se o seu partido retribuirá o gesto, o porta-voz referiu ainda que os prisioneiros que estão a ser libertados pelo Governo não estavam diretamente envolvidos na frente de guerra e muitos foram presos com base em informações erradas.