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Onde há fumo, há barbecue americano e o Garage 'smokehouse' é prova disso

Este artigo tem mais de 4 anos

Stefan e Daniel são dois irmãos que trocaram os EUA pela Europa e vieram para Lisboa há dois anos. Trouxeram com eles a arte do barbecue texano e agora servem-no na zona de Alcântara.

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D.R.

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O que interessa saber

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Nome: Garage – The Smokehouse & BBQ
Abriu em: Maio de 2019
Onde fica: Largo do Calvário, 31A-33, Lisboa
O que é: Uma casa de barbecue norte-americano verdadeiro, com tudo a ser fumado e cozinhado in situ.
Quem manda: Os irmãos Daniel e Stefan Ikelman
Quanto custa: Entre 15€ e 20€, preço médio
Uma dica: Aos domingos há brunch norte-americano e vale muito muito a pena. Não percam.
Contacto: 938 975 970
Horário: De terça a sexta das 12h às 15h e das 18h 24h; sábado das 14h às 24h; domingo das 12h às 16h (fecha segunda)
Links importantes: Facebook

A História

Imagine-se a aterrar num país desconhecido, onde não conhece absolutamente ninguém, mas mesmo assim decide ir em frente com a vontade de abrir um restaurante. Assustador? Talvez. Para os irmãos Stefan e Daniel Ikelman, nem por isso. A dupla que está à frente do novo The Garage Smokehouse, em Alcântara, deixou a sua cidade natal de Albuquerque, no estado norte-americano do Novo México, há uns bons. “Já cá estamos há dois anos mas não viemos logo para cá [Lisboa], estivemos em Frankfurt durante uns tempos, antes”, conta Stefan, o irmão que gere a sala, ao Observador. O passado ligado a empresas de tecnologia dedicadas ao meio-ambiente fez deste colecionador de carros clássicos — “Não precisei de trabalhar durante a faculdade porque ganhava dinheiro a comprar Mustangs antigos e a revendê-los já recuperados” — um frequente visitante da Europa. Numa dessa visitas decidiu conhecer Portugal e adorou tudo o que encontrou. “Pensei logo nessa altura que um dia ainda viria para cá morar”, revela.

Vários anos mais tarde a sua ideia concretizou-se e convenceu o irmão, Daniel, a continuar a fazer aquilo que sempre fez nos EUA — cozinhar. “Eu trabalho há uns 24 anos no mundo da restauração”, contou o responsável por tudo o que se come neste Garage. “Comecei por lavar pratos, o que não é muito agradável. Como precisava de dinheiro nessa altura continuei, e houve um dia em que um cozinheiro faltou — foi aí que me deram uma oportunidade, assim do nada, e adorei cada segundo dessa experiência, mesmo não percebendo quase nada do que estava a fazer”, comenta. Daniel passou pelas cozinhas de vários grandes hotéis como os da Four Seasons, mudou-se para a Alemanha na mesma altura que o irmão e acompanhou-o depois quando este rumou a Portugal. “Eu é que nunca tinha cá estado. Apaixonei-me completamente pelo estilo de vida. As pessoas na Alemanha eram mais frias, aqui são mais parecidas com as de Albuquerque. Sinto-me em casa por causa disso”, termina.

O Espaço

Lembra-se do antigo Fonte dos Passarinhos? Pois bem, essa tasca fechou portas e é exatamente no mesmo lugar que ocupava, no Largo do Calvário, que nasceu este Garage. “Quando cá chegámos um mediador ajudou-nos a perceber um pouco mais sobre o mercado imobiliário e ficou claro que queríamos aproveitar as zonas do Beato ou de Alcântara”, explica Stefan enquanto vai bebendo um café. Quando deram com esta oportunidade — “O restaurante já estava a dar as últimas quando o visitámos pela primeira vez” — perceberam logo que era ali que queriam ficar. Tudo isto, como já foi explicado, passou-se há dois anos: durante todo esse tempo dedicaram-se de corpo e alma à reconstrução (ou melhor, reconversão) daquele que viria a ser hoje o Garage.

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A fachada do Garage.

“Passei vários dias a percorrer Lisboa e arredores numa carrinha, sempre à procura de coisas que pudéssemos reciclar e utilizar na decoração do restaurante”, conta Stefan antes de apontar para os “candelabros”, umas barras de madeira que foram transformadas na principal fonte de luz da sala de refeições. Esta filosofia de reciclagem foi levada muito a sério, a dupla até manteve um letreiro do restaurante antigo, por exemplo, e complementou o resto com os clássicos elementos que nos remetem — de forma muito kitsh, não há como o negar — ao imaginário norte-americano. Falamos de coisas com partes da frente de carros clássicos, sinais de trânsito dos EUA e até os estofos que foram feitos à imagem dos que existem em alguns dos carros favoritos de Stefan.

Tudo isto culminou numa sala de refeições onde imperam os tons de madeira, por exemplo, e que tem no balcão original da Fonte dos Passarinhos (remodelado, claro), que fica à direita de quem entra, um dos pontos principais dos espaço. É lá que são servidos os cocktails da casa, por exemplo, e que mora a enorme parede em ardósia onde é escrito o menu diariamente. Na casa de banho mora um dos elementos mais curiosos da decoração do restaurante, quem o diz é o próprio Daniel que saiu da cozinha só para  mostrá-lo. Temos à nossa frente um aglomerado de retrovisores e espelhos laterais de carros e uma pistola de bomba de gasolina que foi montada como torneira. “Parece o WC do Mad Max!”, afirmou a rir-se.

As ‘ribs’ têm um aspeto tão bom quanto o sabor.

A Comida

Pode não parecer mas a verdade é que não existe apenas uma forma de fazer barbecue americano. No total temos cerca de sete variantes, sendo que cada uma delas diz respeito a áreas diferentes dos EUA. “A nossa é ao estilo texano”, revela Daniel antes de explicar que assim é porque a carne assume papel central — e quase exclusivo, os acompanhamentos são praticamente esquecidos. Ao contrário da noção de “grelhados” que predomina em Portugal, por exemplo, onde basta termos uma grelha, brasas e qualquer coisa para cozinhar, a forma como norte-americanos iguais a Daniel e Stefan o veem é bem mais complexa.

“A nossa cultura de barbecue baseia-se muito na noção de ‘slow and low’ , ou seja, cozinhar carne em estruturas específicas — os smokers –, durante muito tempo e com temperaturas baixas”, revela Daniel. Tudo isto resulta em pedaços de carne pecaminosos, ultra tenros e carregados de um sabor que tanto pode vir de uma marinada como do fumo ou dos molhos que depois (ou durante) lhe são adicionados. É comida destas que encontra no Garage.

Apesar da ementa mudar com frequência, pode encontrar sugestões como o The Garage Burguer (os hambúrgueres são as únicas carnes que não passam pelo smoker, todas as outras fazem-no durante intervalos de tempo que podem ir dos 30 minutos às 12 horas), que custa 8€ e pode receber ainda queijo cheddar (mais 0,50€) ou bacon (mais 1€);  uma sanduíche de porco desfiado, a célebre pulled pork sandwich que custa oito euros e vem acompanhada de uma salada de batata; outra sanduíche feita com secretos de porco preto — “Vocês têm a melhor carne de porco do mundo”, disse Daniel antes de afirmar que só a carne de vaca é importada dos EUA, por ser mais gorda, tudo o resto é nacional –, cebola fumada, pickles e batatas fritas (8€); ou o irresistível brisket, um corte difícil de encontrar em Portugal que é retirado do peito da vaca e, depois de cozinhado, quase se pode comer com uma colher (9€). Há ainda a opção de escolher “combinados” de carne que permite fazer uma espécie de “pijaminha” de proteína onde podem entrar baby back ribs de porco, secretos, pulled pork, asas de frango e salsichas de porco fumadas (preços entre os 13 e os 17 euros). Os acompanhamentos são totalmente feitos de raiz, tanto os pickles como o molho barbecue, a salada de batata, o mac n’cheese, feijões barbecue, uma espécie de salada de couve com aparas de porco ou a clássica cole slaw, salada de couve fermentada.

Exemplo de um prato combinado, uma espécie de menu de degustação de barbecue.

Para sobremesa há opções como o crumble de ameixa (4€) ou as cookies XL (4€). Todos os domingos há também um brunch americano, uma fartazana de panquecas, bacon, salsichas, ou french toast, as fatias douradas dos EUA.

A comida norte-americana é tratada de forma injusta, reduzida aos franchises gigantescos que praticamente dominam o mundo. Comida que “faz mal” ou “engorda”, hambúrgueres e pizzas, são os tipos de rótulos que normalmente se colam a esta gastronomia que é infinitamente mais rica do que parece. Os EUA são um verdadeiro caldeirão de influências, um país construído por diversas comunidades de imigrantes que deixaram a sua marca em pratos de influência latina, com raízes africanas ou tipicamente britânicos, por exemplo. O barbecue é um dos infinitos elementos que compõem esta palete e nesta nova casa é feito como deve ser. Passe por lá e conheça por si próprio.

“Cuidado, está quente” é uma rubrica do Observador onde se dão a conhecer novos restaurantes.

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