O atual presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker afirmou que o Partido Popular Europeu, de centro-direita e direita — e de que fazem parte os partidos portugueses PSD e CDS-PP —, não tem nenhum plano B para a presidência da Comissão além do alemão Manfred Weber.

Juncker acrescentou estar “fortemente a favor” da possibilidade de Weber lhe suceder na presidência da Comissão Europeia e referiu ainda: “Estou muito convicto que ele será um bom presidente da Comissão e que continuará o que tentei começar”, disse esta quarta-feira.

Manfred Weber é há muito o candidato que mais apoios reúne no PPE, mas é alvo da oposição por parte da segunda maior família política no Parlamento Europeia, os Socialistas & Democratas (S&D). Esta inclui o Partido Socialista português.

A objeção foi apresentada, aliás de forma audível, pelo primeiro-ministro português António Costa, no passado dia 28 de maio. Após uma reunião no Conselho Europeu, Costa pronunciou-se publicamente e defendeu que o sucessor de Juncker teria de ter “credibilidade” mas também “experiência governativa”. Tradicionalmente, apontou, este último critério é habitualmente tido em conta para o cargo — porém, isso excluiria automaticamente Weber, como o português aliás reconheceu: “De facto, Manfred Weber não tem essas características”, disse.

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Costa tem tentado nos últimos meses reunir apoios e gerar consensos na sua família política na Europa, para melhor controlar a seu favor o tabuleiro de xadrez de Bruxelas. Após a reunião em que o PM português surgiu quase como porta-voz dos socialistas europeus, fonte do Partido Popular Europeu adiantou ao Observador que o português andava “a fazer de polícia mau”, assumindo posições públicas contra Weber (a escolha do PPE), ao passo que ao também primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez, de Espanha, cabia o papel de “polícia bom”.

Da reunião de 28 de maio, os socialistas europeus terão saído convictos que a insistência do PPE em indicar Weber para a presidência da Comissão Europeia estava condenada. Uma fonte do PPE avançou mesmo que os “populares” não teriam “problemas em deixar cair Weber” caso tivessem “a garantia” de que continuariam a liderar a Comissão Europeia. A declaração proferida esta quarta-feira por Juncker parece assim indicar que o PPE não tem ainda essa garantia, por um lado — e não está disposto a abdicar da presidência da Comissão Europeia, por outro.

Fontes internas do PPE citadas pelo site especializado em assuntos europeus Politico, contudo, afirmam que estão a aumentar as dúvidas em torno da capacidade de imposição do candidato como escolha forte do PPE, no interior desta família política.

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Desde 1995 que o presidente da Comissão Europeia pertence à família política do Partido Popular Europeu. Esta é também a família política atualmente mais numerosa do Parlamento Europeu e a segunda mais representada no Conselho Europeu, a seguir aos liberais, com quem os socialistas poderão fazer uma “geringonça” improvável para enfrentar os “populares”.