O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, interrompeu uma entrevista quando lhe perguntaram sobre as mensagens trocadas entre os procuradores da Lava Jato e o então juiz do caso, Sergio Moro, que agora é o seu ministro da Justiça. Entretanto foi anunciado que o magistrado irá falar sobre o assunto na Comissão de Constituição e Justiça do Senado na próxima quarta-feira, dia 19.

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Segundo o Folha, Bolsonaro estava a dar uma entrevista coletiva, ao lado do governador João Doria, em que falou da Reforma da Previdência. Mas quando um jornalista lhe perguntou sobre a divulgação das mensagens trocadas via aplicação Telegram, remeteu-se ao silêncio. “Tá encerrada a entrevista”, disse. Essas mensagens foram difundidas esta semana e mostram que a operação que levou à detenção da Lula poderá ter sido articulada entre o Ministério Público brasileiro e o juiz, naquilo que alguns especialistas dizem ser ilegal, embora outros considerem apenas uma violação ética.

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Sergio Moro vai falar sobre o caso

Entretanto foi anunciado que o ministro da Justiça brasileiro, Sergio Moro, vai na próxima quarta-feira, dia 19, à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado depor sobre a troca de mensagens que coloca em causa a imparcialidade da operação Lava Jato.

O anúncio foi feito na terça-feira pelo presidente do Senado, David Alcolumbre, durante uma sessão do Congresso, após ter recebido um comunicado do líder do Governo no Senado, Fernando Bezerra.

O documento, partilhado por Alcolumbre no seu Twitter, afirma que Moro se colocava à disposição do Senado para ser ouvido pela CCJ.

Sergio Moro, ex-juiz e atual responsável pela pasta da Justiça no governo liderado por Jair Bolsonaro, foi citado no domingo numa série de reportagens sobre a operação Lava Jato do ‘site’ The Intercept.

Segundo o Intercept, conversas privadas revelam que o ex-juiz Sergio Moro sugeriu ao procurador e responsável pelas investigações da Lava Jato, Deltan Dallagnol, que alterasse a ordem das fases da operação, deu conselhos, indicou caminhos de investigação e deu orientações, isto é, teria ajudado a acusação, o que viola a legislação brasileira.

Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública, ganhou notoriedade como juiz da operação Lava Jato, por condenar empresários, funcionários públicos e políticos de renome como o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A acusação contra Lula da Silva, condenado por Moro a nove anos e seis meses de prisão num caso sobre um apartamento de luxo no Guarujá, São Paulo, supostamente recebido como suborno da construtora OAS, foi citada pelas reportagens do Intercept.

Segundo aquele portal de investigação, as mensagens indicam que os próprios procuradores da Lava Jato tinham sérias dúvidas sobre a qualidade das provas contra o ex-Presidente Lula da Silva neste processo.

Procuradores e o próprio Sergio Moro negaram na segunda-feira a existência de irregularidades no conteúdo divulgado. Contudo, a Ordem dos Advogados do Brasil sugeriu o afastamento do atual ministro da Justiça e dos procuradores envolvidos naquele que consideram ser um caso que “ameaça os alicerces do Estado democrático de direito”.

“Este quadro recomenda que os envolvidos peçam afastamento dos cargos públicos que ocupam, especialmente para que as investigações corram sem qualquer suspeita”, considerou a Ordem dos Advogados.

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