A Organização Não Governamental (ONG) Foro Penal Venezuelano (PFV) denunciou esta quinta-feira que 773 cidadãos estão detidos por motivos políticos na Venezuela, enquanto outros 8.615 estão submetidos a “processos injustos”.

“O FPV regista, no dia de hoje, 773 presos políticos na Venezuela. Além disso, 8.615 pessoas estão sujeitas a processos penais injustos sob medidas cautelares (substitutas da liberdade)”, denunciou o diretor daquela ONG.

Em declarações aos jornalistas, Alfredo Romero explicou que 667 dos detidos são civis e 196 militares, 772 são adultos e um adolescente (com menos de 18 anos). Em relação ao sexo, 717 são homens e 56 mulheres.

“A listagem dos presos políticos vai ser enviada ao secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), Luís Almagro, e ao departamento de Direitos Humanos das Nações Unidas, para verificação e certificação”, disse.

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O luso-venezuelano e politólogo Vasco da Costa, de 58 anos, é um destes presos, tendo sido detido na sua casa em abril de 2018 por agentes do SEBIN (serviços secretos do país) que, entre outras coisas, levaram computadores.

De acordo com Ana Maria da Costa, 30 agentes dos serviços secretos, “vestidos de comandos e com espingardas”, arrombaram a porta, espancaram o irmão e destruíram a casa.

Filho de um antigo cônsul de Portugal em Caracas, o politólogo Vasco da Costa tinha estado detido entre julho de 2014 e outubro de 2017.

Na altura, foi acusado de ligações a uma farmacêutica que estaria, alegadamente, envolvida em planos para fabricar engenhos explosivos artesanais, durante os protestos ocorridos no primeiro semestre de 2014 contra o Governo do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Segundo Ana Maria da Costa, Vasco da Costa foi acusado dos crimes de terrorismo, associação para cometer delito com fins de terrorismo, fabrico ilegal de explosivos para fins terroristas e ocultação de munições.

Vasco da Costa define-se como “contrarrevolucionário, conservador e anticomunista”, faz parte do Movimento Nacionalista Venezuelano e do partido Nova Ordem Social, liderado pela lusodescendente Venezuela Portuguesa da Silva, atualmente radicada na Espanha.

Em 2017 foi distinguido com o prémio Zakharov.