Como qualquer canção de Valete, a nova “Colete Amarelo” dispara para vários alvos. Do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (“Eu quero ser mais um soldado contra Bolsonaro”), a Pio XI (“o Papa nazi”), passando pelos vários rappers de “cenário encenado (…) mercenários do nosso senado”, a rima de Valete é usada novamente como arma e mortífera, na nova canção do autor dos discos Educação Visual (2002) e Serviço Público (2006).
O tema foi revelado esta sexta-feira pelo rapper da Damaia que tem como nome de batismo Keidje Torres Lima e é, garante Valete, o primeiro avanço do seu próximo álbum, há muito anunciado. O disco chegou a ter vários conceitos e nomes apresentados, entretanto abandonados — de Homo Líber a 360 Graus. Chamar-se-á, afinal, Em Movimento, sairá “em breve” e será revelado aos bochechos, canção a canção, já a partir desta “Colete Amarelo”, anunciou Valete nas suas contas oficiais em redes sociais.
Esperado há mais de uma década — Serviço Público, de 2006, foi o seu último álbum completo editado —, o terceiro disco do rapper “manterá a matriz de Valete como um rapper social, progressista e intimamente ligado aos valores originais da cultura hip-hop”, anuncia a sua editora, Sony Music.
Figura proeminente do hip-hop político e de protesto — um movimento que na sua vertente musical na verdade até nasceu com uma faceta festiva e dançante —, Valete está acompanhado neste novo teledisco por outros rappers, entre os quais Xeg, SP Deville, Bambino (membro dos Black Company) e Phoenix RDC. Este último faz ouvir a sua voz no tema, tal como Dino D’Santiago e um dos membros do grupo GROGNation, Papillon.
O single conta com pós-produção sonora de SP Deville e Here’s Johnny, tendo sido misturado pelo último. Here’s Johnny é um produtor musical e DJ afiliado à editora Superbad Records, também de Holly Hood. No tema, Valete responde ainda com acidez aos comentários feitos por ouvintes sobre o jovem rapper Estraca, comparando-o a Valete:
“Manos dizem que o mano Estraca é o novo Valete
Que se foda esse wero wero, o novo Valete sou eu”
Valete: “O hip hop está a perder a única coisa que não podia”