Luís Marques Mendes criticou os planos que o programa eleitoral do Partido Socialista (PS) apresenta os trabalhadores da função pública. No espaço de comentário que protagoniza do Jornal da Noite da SIC, Marques Mendes afirmou que os socialistas prometem um  privilégio à função pública que não é assegurado setor privado: “Uma vez mais, o Partido Socialista divide o país em dois. O da função pública que tem tudo e o do setor privado, que é desprezado”.

“Há uma situação claramente de favor para os funcionários públicos. E assim no horário de trabalho, no acesso à saúde, no salário mínimo e nos despedimentos”, conclui.

Para suportar esse argumento, Marques Mendes comentou o facto de os funcionários públicos serem autorizados a faltar ao trabalho para acompanhar os filhos no primeiro dia de escola. “Acho muito bem”, começou por dizer o comentador. “Mas porque é que não foi aprovado para todos os trabalhadores? Porque é que há uns de primeira e de segunda. Uns são filhos e enteados. Isto é escandaloso”, termina.

Para Marques Mendes, o programa do PS “é a prova do erro brutal que foi a reversão das 35 horas”, pelo facto de prever um aumento no número de funcionários públicos: “Três anos depois, o PS reconhece o erro da lei das 35 horas, porque menos horas de trabalho exige mais trabalhadores. Acrescentando mais despesa fixa em tempo de menos economia”, analisa ele.

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Se do lado da esquerda há “profissionalismo”, diz Marques Mendes, da direita há “amadorismo”: “O PSD é um grande enigma e uma enorme preocupação, o país precisa de uma boa oposição”. Nada disso devia estar a acontecer, acredita o comentador, pelo menos tendo em conta os resultados obtidos pelos sociais-democratas nas europeias: “O PSD devia estar ativo, combativo e a liderar o debate político. Em vez disso está desaparecido em combate. É um vazio”, aponta Marques Mendes

O comentador rotula de “disparate autêntico” a ideia apresentada pelo PSD de os votos brancos ou nulos contarem como cadeiras vazias na Assembleia da República. Além disso, critica o partido por não fazer oposição ao governo e por haver “um vazio no plano de oposição”: “Não era normal que o PSD apreciasse estas propostas do PS para a função pública e dissesse qual é a sua alternativa? Quem vai pegar nessa bandeira? E o líder anda desaparecido”, termina.

Perante a ausência de Rui Rio, “e como a política tem horror a vazios”, já há quem se esteja a preparar para preenchê-la, aponta Marques Mendes. É o caso de Paulo Duarte, por exemplo: “Quando há um vazio na oposição, cria-se outro ruído. Mesmo para quem tem a ambição de ser líder no futuro, isto não é bom. Porque se o PSD não tiver um bom resultado nas legislativas, desgraçado de quem o suceder”.

Quando a Vítor Constâncio, que vai ao Parlamento depois de Armando Vara ter estado lá, Marques Mendes afirma que “passou a semana a fazer-se de vítima” e a “ameaçar jornais com processos judiciais”: “Ninguém colocou em causa a sua idoneidade. O que se questionou foi a sua competência e eficácia. Constâncio não é um vigarista. O problema é que não foi nem competente nem eficaz”, critica o comentador da SIC. E termina: “Ele não é vítima. Vítima é o país da sua ineficácia. Basta pensar no BPN. Não viu nada, não fez nada, não evitou nada”.