Histórico de atualizações
  • Cabral dos Santos. O homem que recusa ser o bode expiatório

  • Ninguém quer ir à terceira ronda, portanto estão terminados os trabalhos. Muito obrigado por nos ter acompanhado.

  • Numa altura em que a sala está mais vazia, não mais do que um deputado de cada partido, Constança Urbano de Sousa volta ao tema de Manuel Fino, criticando que a Caixa tenha perdido mais dinheiro com Fino do que com Berardo e “ninguém fala nisso”, só fala em Berardo.

    Algum dia se tentou ir ao património de Manuel Fino? “A lógica foi a mesma [de Berardo]. O crédito que estava suportado em ações do BCP, a Caixa teve exatamente o mesmo raciocínio com Fino que teve com Berardo, na parte do crédito do BCP. Depois, havia uma parte relacionada com a Cimpor em que a Caixa fez o que tinha de ser feito”, que foi permitir a recompra mas garantir que se mais tarde Fino viesse a vender por valor mais alto (como aconteceu), a mais-valia reverteria para a Caixa. E aí obteve-se 50 milhões de euros em proveito para a Caixa.

  • "Eu digo as minhas verdades e depois esta comissão tirará as suas conclusões"

    O PSD insiste com Cabral dos Santos. Como está a dizer que não propõs qualquer operação de crédito a Joe Berardo (ao contrário do que o comendador afirmou em audição na CPI) “a conclusão a que chegamos é que Berardo mentiu nesta comissão”.

    “Eu não gosto de dizer que uma pessoa está a mentir ou não. Eu digo as minhas verdades e depois esta comissão tirará as suas conclusões”, responde o ex-diretor de Grandes Empresas da CGD.

  • Assalto ao BCP? "Não frequento", "não tive noção na altura

    PCP pergunta a Cabral dos Santos sobre a pretensa utilização do banco público para intervir numa guerra de acionistas num banco privado. “Se a convocatória para esta segunda audição era para responder a essa pergunta, convocaram a pessoa errada”. “Nunca tive qualquer contacto político”, relacionado com as guerras no BCP — na altura não tinha noção do “assalto ao BCP”, hoje tem essa noção, “pelo que se diz”. “Eu não frequento, não tenho relações, fiz uma carreira bancária durante muitos anos e nunca tive a noção de que elas existissem nem me movi por elas”.

  • O PCP já tinha perguntado a Joe Berardo, mas agora pergunta a José Pedro Cabral dos Santos. “Afinal por que razão é que o primeiro empréstimo de Berardo junto CGD é feita através da Metalgest e, mais tarde, já surge um empréstimo através da Fundação José Berardo, uma IPSS?”. O deputado Duarte Alves ainda faz uma precisão: é que no primeiro empréstimo não surge como objetivo do crédito a compra de ações do BCP e no segundo sim.

    “O balanço da Metalgest não suportava uma operação de 350 milhões de euros, uma vez que tinha um ativo de 224 milhões de euros. Já a Fundação José Berardo tinha ativos de 770 milhões de euros”, explicou Cabral dos Santos. “Se uma empresa com um ativo de 224 milhões pede um empréstimo de 350 milhões não lho dão, mas uma com ativos de 770…”

    “Depreendo assim que a CGD alinhou nos estratagemas de José Berardo! Se não podia fazer pela Metalgest, não há problema, faz-se através da Fundação, uma IPSS”, contrapõe Duarte Alves.

  • Porque é que a Caixa não podia vender as ações do BCP na bolsa

    Cecília Meireles pergunta a Cabral dos Santos sobre Berardo ter dito que os bancos é que sabiam o que faziam, e que se não quiseram vender as ações na bolsa para evitar maiores perdas. Cabral dos Santos diz que foi “muito bem explicado” por Jorge Tomé porque é que não era possível vender as ações em bolsa — isso só faria com que os títulos caíssem ainda mais, ou pior, no limite podiam cair o máximo diário de 10% durante vários dias consecutivos, o que podia precipitar o pior no banco.

    Faria de Oliveira, esta manhã, fez um raciocínio semelhante.

    “Perante as opções disponíveis, a Caixa tomou a opção que mais bem defendeu os seus interesses”, ou seja, mantendo as ações em carteira e procurando reforçar as garantias.

  • Cecília Meireles (CDS-PP) questiona Cabral dos Santos sobre o facto de a CGD ter dado um empréstimo de 350 milhões de euros à Fundação José Berardo, que é uma Instituição Particular de Solidariedade Social. O empréstimo destinava-se a adquirir ações do BCP.

    “Alguém na CGD questionou o facto de a Fundação José Berardo, sendo uma IPSS, ter aberto uma conta corrente na Caixa de 350 milhões?”, perguntou Cecília Meireles.

    “Não”, respondeu Cabral dos Santos.

    “E isto era habitual?”

    “Não só não era normal, como não houve mais nenhuma instituição que tivesse pedido um valor dessa dimensão. E, repito, ninguém questionou essa situação”.

  • Joe Berardo entregou à Caixa cerca de metade daquilo que foi contratado originalmente no crédito de 50 milhões de euros, com reforço de garantias na ordem de cerca de 26 milhões de euros. Isto indicou, na altura, que não é uma empresa qualquer, que tinha alguma capacidade de mobilização de recursos. Mariana Mortágua, do BE, não concorda: “só indica que era uma empresa muito dependente da venda de participações financeiras”, diz a deputada bloquista.

  • Joe Berardo entregou à Caixa cerca de metade daquilo que foi contratado originalmente no crédito de 50 milhões de euros, com reforço de garantias na ordem de cerca de 26 milhões de euros. Isto indicou, na altura, que não é uma empresa qualquer, que tinha alguma capacidade de mobilização de recursos. Mariana Mortágua, do BE, não concorda: “só indica que era uma empresa muito dependente da venda de participações financeiras”, diz a deputada bloquista.

  • Com os restantes grupos parlamentares a falar dos créditos concedidos pela Caixa a Joe Berardo, o PS prefere mudar a agulha para os créditos concedidos a Manuel Fino.

    A deputada socialista Constança Urbano de Sousa diz que a Caixa tem um historial de apoio ao empresário Manuel Fino, para comprar ações da Cimpor, do BCP e da construtora Soares da Costa.

    https://observador.pt/2019/05/14/os-negocios-que-manuel-fino-fez-com-emprestimos-da-caixa/

    Questionado pela deputada do PS, José Cabral dos Santos diz que, ao contrário do que aconteceu com Berardo, as condições propostas ao mutuário partiram daquilo que a direção de risco tinha proposto. Com Berardo, encontrou-se um “meio-termo”.

    Cabral dos Santos diz que não se pediu a insolvência da Investifino porque isso iria significar grandes problemas para a (sua participada) Soares da Costa, com tudo o que isso implicava para os postos de trabalho e os projetos que a construtora tinha num momento difícil da construtora.

  • "Se eu fosse administrador, diria que a responsabilidade era minha"

    Cabral dos Santos mostra que não quer ser bode expiatório: “Uma coisa lhe garanto: se tivesse participado numa operação em que eu fosse administrador, eu diria que o responsável era eu”, diz, ao deputado do PSD, deixando uma crítica implícita a quem atirou as culpas para a direção de empresas.

  • Cabral dos Santos põe os pés à parede: “Não estou aqui a ocultar a informação de ninguém. Não estou a ocultar nada de ninguém”. O antigo diretor de Grandes Empresas respondia a uma acusação de Virgílio Macedo, do PSD, que afirma que “ninguém quer ser pai destes créditos, mas todos são culpados”.

    E vai mais longe. Numa operação de 350 milhões de euros, a responsabilidade não pode ser de um diretor, tem de recair sobre os administradores presentes no Conselho Alargado de Crédito.

    Estamos a falar de uma operação de 350 milhões de euros. Quando se tem de decidir se se faz ou não se faz, não pode ser só porque um diretor diz. O conselho é que tem de ver se a operação se faz ou não. Não estamos a falar de 35 milhões ou de 3,5 milhões. Estamos a falar de 350 milhões”, completa Cabral dos Santos.

    “E de uma Fundação com um ativo líquido de 700 milhões de euros, numa operação para substituir dívida”.

  • Virgílio Macedo, do PSD, toma a palavra para falar da carta de Berardo, a carta de 10 de novembro.

    “Antes de 10 de novembro, nunca existiu nenhuma conversa por parte do sotôr” com o mutuário? “Nunca”.

    “O que eu estou a dizer é que não fui eu que fui ter com o comendador Joe Berardo”, diz Cabral dos Santos.

    “Eu nunca falei com o sr. José Berardo para lhe oferecer ou saber se ele queria crédito para ele comprar o que quer que fosse, através da Fundação. Agora, o sr. deputado sabe tão bem quanto eu como se podem fazer alguns jogos palavras: a minha intervenção é que quem envia o e-mail com a aprovação, depois de aprovada em conselho de crédito, sou eu. Eu, o que fiz, foi enviar o e-mail (nem foi ao sr. José Berardo, foi à equipa, com as condições em que foram aprovadas as condições”.

    “Se eu ter enviado para as pessoas da Fundação Berardo a proposta aprovada é oferecer crédito, isso é um jogo de palavras. A minha intervenção foi, depois de aprovado, fazer um e-mail à equipa de Berardo a transmitir as condições em que a operação tinha sido aprovada”.

    Cabral dos Santos diz que quando fala em “jogos de palavras” não está a referir-se a ninguém que está nesta sala. Quanto à carta, depois de muitas afirmações que foram feitas, “não descansei” enquanto não encontrei nos arquivos alguma evidência que a operação tinha sido da iniciativa de Berardo.

    A carta veio despachada para mim, com a indicação “analisem esta consulta como se analisem outra consulta qualquer, e foi isso que foi feito”.

  • Questionado pelo deputado do PCP, sobre a carta enviada a Santos Ferreira, Cabral dos Santos esclarece “a carta vinha em papel timbrado da Fundação, assinada pelo sr. José Berardo”. Estamos a falar da operação de 350 milhões à Fundação, não o empréstimo à Metalgest.

    Duarte Alves vai direito ao ponto: “Mas a Caixa, em algum momento, pôs a possibilidade de não avançar para o crédito ao senhor Berardo? Face às condições que a Caixa punha e ele não aceitava”. “Em algum momento, a Caixa achou que já não era boa ideia avançar?”

    “Se em algum momento em que a CGD poderia ter decidido não avançar? Sim, foi na segunda vez em que a operação foi a Conselho de Crédito”, respondeu Cabral dos Santos.

  • "Não estamos a lavar as mãos. Mas a decisão é do conselho de crédito que, perante os factos, tinha de decidir"

    Duarte Alves, do PCP, recorda que Francisco Bandeira disse ter ficado perplexo por ouvir Cabral dos Santos dizer que apresentar uma operação não é o mesmo que defender.

    “Essa pergunta não se põe relativamente a uma ou duas operações. Põe-se como se fizesse sempre isso: eu só fazia isso numa grande minoria das operações. O mais comum era apresentar operações que éramos nós que íamos atrás delas, depois havia outras operações em que se chegava a um ponto em que há que decidir: ou se faz ou não se faz, já não é uma questão de ‘defender'”.

    “A operação com 120% não se faz, com 105% faz-se. Qual é a decisão?”, diz Cabral dos Santos, explicando como era o processo normal.

    “Não estamos a lavar as mãos. Mas a decisão é do conselho de crédito que, perante os factos, tinha de decidir”, atira.

  • "A carta evidencia que há uma iniciativa da Fundação Berardo em consultar a Caixa"

    Cecília Meireles volta à questão de quem foi bater à porta de quem, no crédito a Berardo.

    “Eu, como lhe disse, sabia que não era iniciativa da Caixa estrutura comercial, mas não conhecia a carta. A carta evidencia que há uma iniciativa da Fundação Berardo em consultar a Caixa” para perceber se podia avançar a operação. Se houve contacto anterior, Cabral dos Santos diz que não sabe.

    Cabral dos Santos garante: “Nunca andei a convencer ninguém para fazer investimento mobiliários, fossem quais fossem”.

  • Cabral dos Santos critica administradores que lhe atribuíram culpas

    Quem aprova as operações é o conselho de crédito“, sublinha Cabral dos Santos.

    “O que foi apresentado em que nós sabíamos em que a operação era fechada. O conselho tinha de decidir se queria que a operação avançasse, naqueles termos, ou não”.

    Eu também fui [depois] administrador da Caixa — e eu nunca diria que aprovei uma operação de crédito porque fui influenciado por um diretor” [abaixo na hierarquia]. Isto é uma questão dos seus “princípios”, diz Cabral dos Santos.

    Cecília Meireles, do CDS-PP, insiste que “não temos rasto documental” das discussões que necessariamente terão havido.

    “No geral, em outras operações, nalgumas situações em que o parecer do risco era mais exigente do que aquilo que eram as condições que o cliente pretendia, muitas vezes antes do conselho expunha as condições ao administrador, e dizia ‘vamos levar o assunto a conselho alargado de crédito para o conselho decidir'”.

  • Primeiro o Bloco de Esquerda e agora o CDS-PP. A deputada Cecília Meireles não se conforma com as respostas de José Pedro Cabral dos Santos. Mas afinal quem defendeu, aprovou e teve a última palavra nos créditos de Joe Berardo?

    O ex-diretor de Grandes Empresas continua a desviar para canto as tentativas dos deputados de perceber o que aconteceu. Cabral dos Santos já relatou que as condições para a concessão do crédito a Berardo tornaram-se ao longo do processo cada vez piores (ou mais arriscadas) para a CGD. E também disse que assim foi porque o cliente ia recusando, sucessivamente, as exigências da Caixa. O banco público, adiantou, foi tentando encontrrar um meio-termo para que a operação se fizesse.

    “A primeira decisão do Conselho Alargado de Crédito é uma decisão de meio-termo. Mas o cliente fez finca-pé e disse que não aceitava. Face a essa situação foi preciso decidir: ou se faz assim ou não se faz”, disse Cabral dos Santos. Ou seja, o antigo diretor mantém que não defendeu a operação, apenas a apresentou. Mas continua sem dizer quem foram os administradores que aprovaram a operação.

    “Assim a operação fica orfã de de pai e mãe. Ao não assumir a paternidade da operação, ficamos com a sensação de que os administradores achavam que o diretor aprovava e que o diretor achava que os administradores aprovavam”, diz Cecília Meireles.

  • A deputada do BE diz que nas sucessivas reuniões do conselho alargado de crédito, as condições eram cada vez “piores” (do ponto de vista da Caixa).

    “Se a direção comercial apenas apresentou as condições, quem foram os administradores que defenderam que se aprovasse?”

    Cabral dos Santos não responde diretamente à questão. “Na questão da redução do spread foram cinco minutos, o resto já estava aprovado”.

    BE insiste: “Sra. deputada, eu no segundo conselho de crédito não estive, também não me lembro de me ter sido relatado que alguém tenha feito. A foram como as coisas se passavam: ou mantemos a nossa ou vamos ao encontro das condições do cliente”. “Quem presidia ao conselho de crédito considerou que seria preferível avançar”, diz Cabral dos Santos.

    “Quem”? Cabral dos Santos diz que não se terá explicado bem. “No final, o presidente fazia um resumo e se ninguém se opunha, a operação avançava”.

    Cabral dos Santos diz que na segunda (de três) reuniões não esteve presente, e também não esteve Maldonado Gonelha. Portanto terá sido Carlos Santos Ferreira a presidir ao pelouro habitualmente de Maldonado Gonelha.

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