O economista chefe do Standard Bank em Maputo considerou que a decisão final de investimento para a exploração de gás no norte de Moçambique pode ajudar o banco central a retomar os cortes na taxa de juro de referência do país.

A decisão “pode contribuir para a melhoria da disponibilidade de moeda externa no mercado doméstico e para a redução dos riscos de inflação”, disse Fáusio Mussá, citado num comunicado do banco divulgado na terça-feira.

“Neste contexto, acreditamos que o Banco de Moçambique pode decidir retomar os cortes nas taxas de juro de política monetária, interrompidos em dezembro de 2018, com efeitos positivos sobre o financiamento das empresas e sobre o rendimento disponível das famílias”, defendeu.

Um consórcio liderado pela petrolífera norte-americana Anadarko formalizou na terça-feira em Maputo um investimento de 25 mil milhões de dólares para extração, liquefação e exportação de gás natural a partir de 2024, cujas obras já decorrem há ano e meio e vão entrar agora na fase principal.

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De acordo com o economista chefe do Standard Bank, em função do volume de entrada de fundos que resultam do investimento, “o Banco Central estaria confortado em fazer um corte na taxa de juro, dependendo da magnitude dos fundos que ficarão disponíveis no mercado moçambicano”.

Fáusio Mussá classifica este como “um dos impactos imediatos com algum benefício para a economia moçambicana, ou seja, a melhoria das perspetivas de estabilidade macroeconómica, através da estabilização da moeda e da inflação”.

“Se o Banco Central decidir efetuar os cortes na taxa de juro, significa que as taxas do sistema bancário poderão reduzir-se, permitindo o aumento do rendimento disponível das famílias e viabilizar pedidos de financiamento dos agentes económicos”, frisou o economista.

No entanto, também recomenda cautelas na gestão de expetativas. “Alguns impactos podem ser imediatos e outros podem ocorrer num longo período”, indicou.

Outra importante vantagem que pode advir da decisão final de investimento passa por um reforço da “confiança no mercado cambial sobre a oferta de divisas e sobre as perspetivas de evolução do câmbio, a curto prazo”.

“O impacto sobre a geração de emprego pode ocorrer ao longo do período de construção das plataformas de liquefação do gás natural e após a construção”, disse o economista.

“O impacto positivo sobre a atividade económica no geral só será relevante a partir do momento em que o País começar a exportar o gás natural, entre finais de 2023 e 2024: Aí poderemos ver uma aceleração do Produto Interno Bruto (PIB), acima do normal”, concluiu.