Philippe Zdar, DJ e produtor de música francês, morreu esta quinta-feira, aos 50 anos. “Ele teve uma queda acidental, através da janela de um piso alto num imóvel de Paris”, resumiu simplesmente o seu agente, Sébastien Farran, à Agence France-Press.

Zdar, cujo nome de nascimento era Philippe Cerboneschi, era membro do duo de eletrónica Cassius — em homenagem a Cassius Clay, nome original do pugilista Mohammed Ali — e ajudou a produzir álbuns bem-sucedidos de vários artistas de renome mundial como os Beastie Boys, Cat Power ou Kanye West.

“Os seus amigos de coração juntam-se à família para dar conta da sua infinita tristeza. Hoje a música perdeu um génio”, acrescentou o seu agente.

Philippe Zdar começou cedo na música, tendo feito parte de bandas punk e de speed metal na juventude. Ao Le Monde, em 2016, recordou o impacto que teve sobre a sua vida uma simples fotografia dos Eurythmics, que encontrou num estúdio de gravação: “Abandonei o meu trabalho de empregado de mesa para tentar encontrar aquela magia.”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Nos anos 80, trabalhou com artistas como Serge Gainsbourg e Vanessa Paradis. Em 1989, durante a vaga da música eletrónica que cresceu na década seguinte e que teve artistas de sucesso como os Daft Punk, Zdar fundou Cassius com Hubert Blanc-Francard. O álbum 1999 vendeu 250 mil cópias e chegou ao top 10 do Reino Unido. “Isto permitiu-me surfar uma onda. Toquei com grandes DJs, em grandes lugares. Quando se entra na porta do top 10, o nosso nome permanece”, confessou no livro French Touch: des raves aux supermarchés, l’histoire d’une épopée électro, de Stéphane Jourdain, recordado pela Télérama.

Mas foi na colaboração com outros artistas que Zdar alcançou maior fama. O seu trabalho com os Phoenix — tanto no álbum de estreia United como no trabalho de 2009 Wolfgang Amadeus Phoenix, que viria a conquistar um Grammy — consolidou-o como produtor e fez com que recebesse convites de outros artistas como os Beastie Boys, Cat Power e Kanye West. Isso levou a que abandonasse os Cassius, mas o colega não guardou rancor: “Fiquei muito feliz ao vê-lo realizar o seu sonho”, declarou Hubert ao Le Monde. “As suas novas colaborações tornaram possível constituir uma pequena família artística da qual nós beneficiamos.”

Recordado pelos que com ele trabalharam pelo seu entusiasmo, o Guardian aproveitou para recordar uma das suas declarações à revista Fader: “Algumas pessoas querem chegar ao topo do K2, mas ser levado de helicóptero e voilà! Eu sou um alpinista. Nunca ficaria feliz ao ouvir um álbum terminado sem ter passado por tudo aquilo antes.”

Nas redes sociais multiplicam-se os tributos do mundo da música. Alex Kapranos, dos Franz Ferdinand, diz não ser capaz de “processar” ainda o que aconteceu com o amigo, enquanto que Mark Ronson se diz triste: “Uma verdadeira lenda cuja influência paira não só sobre a música de dança, mas sobre o indie, o hip hop, tudo”, afirmou.

O DJ Calvin Harris fala num “homem incrivelmente adorável, com um legado incrível”, enquanto que a banda Cut Copy destaca a “energia e generosidade” do artista.

Rostam Batmanglij, antigo membro dos Vampire Weekend, optou por destacar a genialidade do seu trabalho. “Cada mix no ‘Wolfgang Amadeus Phoenix’ é uma obra de génio — alto, excitante, amplo como tudo e nunca, nunca ríspido”, resumiu.