O ex-presidente da Interpol Meng Hongwei, que desapareceu, em setembro passado, numa visita à China, confessou ter aceitado mais de 2 milhões de dólares em subornos e lamentou o crime, informou esta quinta-feira um tribunal chinês. O Tribunal Popular Intermédio No.1 de Tianjin detalhou que Meng leu a confissão, perante uma audiência.

Embora não seja claro quando é que a sentença será proferida, a confissão garante que Meng será condenado. Assumir a culpa e expressar arrependimento pode resultar em punições ligeiramente mais leves, mas a China tem sido célere em condenar à prisão perpétua altos quadros acusados de corrupção. A mais ampla e persistente campanha anticorrupção na história da China comunista, lançada pelo Presidente chinês, Xi Jinping, após ascender ao poder, em 2013, puniu já mais de um milhão e meio de funcionários do Partido Comunista.

Além de combater a corrupção, a campanha tem tido como propósito reforçar o controlo ideológico e afastar rivais políticos, com as acusações a altos quadros do regime a incluírem frequentemente “excesso de ambição política” ou “conspiração”. Meng, de 64 anos, foi vice-ministro da Segurança Pública até novembro de 2016, altura em que foi nomeado para dirigir a organização policial internacional, com sede em Lyon, França. A escolha de Meng foi na altura celebrada por Pequim, que tem vindo a reforçar a sua presença em organizações internacionais.

Mas o então chefe da Interpol perdeu o contacto com a família depois de embarcar num avião para a China, em 25 de setembro passado. O tribunal disse que Meng abusou do seu poder, inclusive enquanto vice-ministro da Segurança Pública e chefe da polícia marítima, favorecendo terceiros, em troca de subornos.

Entretanto afastado de cargos públicos e do Partido Comunista, Meng compareceu em tribunal envergando um blusão castanho e flanqueado por dois oficiais de justiça. Nas imagens difundidas pela televisão estatal chinesa, Meng parece mais velho e com o cabelo mais grisalho do que durante o período em que ocupou um dos principais cargos no aparelho de segurança interna da China.

A lei chinesa estabelece que a polícia tem a autoridade de manter incomunicáveis e em local secreto, por um período até seis meses, suspeitos de crimes contra a segurança nacional, ou acusados de terrorismo ou suborno, um regulamento que em muitos casos se aplica a dissidentes ou ativistas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR