O governo cabo-verdiano considerou que a sustentabilidade do título da Cidade Velha como Património Mundial, que esta quarta-feira completou 10 anos, passará pela sua preservação e valorização, mas também por um investimento científico a nível histórico, urbanístico e paisagístico.

Numa mensagem alusiva ao 10.º aniversário da elevação da Cidade Velha a Património Mundial da Humanidade, o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde, Abraão Vicente, disse que o desafio da preservação do sítio não deve ser só do Estado, mas também de todos os cabo-verdianos.

“Conservar a nossa memória histórica e patrimonial, os desafios e tudo o que os nossos antepassados viveram e conseguiram guardar, uma missão de todos”, pediu o ministro, que é também presidente da comissão nacional da Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura (UNESCO, sigla em inglês).

Para o titular da pasta da Cultura cabo-verdiana, a valorização do sítio histórico é um “desígnio nacional e um compromisso incontornável para as gerações futuras”.

Em relação ao futuro, Abraão Vicente notou a necessidade de um equilíbrio entre a proteção e conservação dos valores históricos com as aspirações e necessidades do desenvolvimento local sustentável.

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Além destes aspetos, o ministro considerou que a sustentabilidade do sítio passará ainda por um “investimento científico” a nível histórico, urbanístico e paisagístico.

“É sem dúvida que o vasto património arqueológico seiscentista da Cidade Velha reclama por uma atenção especial, numa perspetiva científica e turística, funcionando como um atrativo singular e diferenciador”, mostrou Abração Vicente na sua mensagem.

Relativamente à gestão do Património, o governante afirmou que requer uma “visão alargada”, numa perspetiva interssetorial, com responsabilidades compartilhadas a vários níveis, incluindo os poderes públicos – local e central – a sociedade civil, entidades não estatais e a comunidade local.

Tendo em conta a procura de visitantes e o interesse crescente de investidores, Abraão Vicente salientou que Cidade Velha é autossuficiente.

Na mensagem, o ministro da Cultura enumerou ainda vários projetos estruturantes na Cidade Velha, com destaque para a reabilitação da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, um projeto financiado pelo Governo de Cabo Verde em 50 milhões de escudos (453 mil euros) e pela cooperação portuguesa em cinco milhões de escudos (45 mil euros).

Em parceria com a Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santiago, o ministro apontou ainda projetos ao nível da reabilitação e requalificação urbana, reabilitação de casas, criação do plano de salvaguarda e uma gestão equilibrada e tripartida dos recursos patrimoniais.

Seguindo as recomendações da UNESCO, Abraão notou ainda que o governo descentralizou a gestão do sítio, possibilitando à Câmara Municipal a participação direta no circuito turístico, que antes estava a cargo de uma empresa privada.

Cidade Velha foi a primeira cidade construída pelos europeus, tornando-se na primeira capital do arquipélago, título que manteve até 1770, quando a capital do país passou a ser a Praia de Santa Maria, atual cidade da Praia.

O sítio histórico foi erigido no século XV para servir de ponto de abastecimento para o comércio de escravos entre África e América e em 2009 foi classificada como Património Mundial.