Em menos de dez anos, o Serviço Nacional de Saúde perdeu um total de seis mil assistentes operacionais e técnicos. A notícia é avançada pelo Jornal de Notícias (conteúdo pago) que escreve que entre 2010 e maio passado estas duas categorias profissionais tiveram quebras na ordem dos 12,2% e dos 13,5%, respetivamente. Os hospitais públicos têm hoje 15.883 assistentes operacionais, quando há 9 anos e cinco meses o pessoal administrativo contabilizava 18.362 funcionários. A queda entre os assistentes técnicos é ainda maior, e na categoria profissional que inclui, por exemplo, os maqueiros, os valores caem de 28.950 para 25.429 trabalhadores.

Em contrapartida, e segundo os dados da Administração Central do Sistema de Saúde, o número de médicos, enfermeiros e técnicos superiores e de diagnóstico aumentou no mesmo período de tempo. Entre os médicos, os valores mostram que houve um crescimento de 7,6%, passando de 17.415 profissionais em 2010 para 18.740. O crescimento entre os enfermeiros foi ligeiramente maior e situou-se nos 7,8% (de 40.099 para 43.220). Por último, a menor subida foi entre a categoria dos técnicos superiores e de diagnóstico onde se registou um avanço de 3,4% no número de profissionais (7.931 para 8.199). Ainda assim, escreve o JN, o saldo global entre estas três categorias é negativo em 1.286 profissionais face às necessidades do SNS.

A contratação de mais profissionais de saúde é, aliás, a principal reivindicação dos profissionais do setor que à meia-noite desta sexta-feira iniciaram uma greve nacional de 24 horas. Segundo dados da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais, o protesto — que exige também aumentos salariais e carreiras dignas — está a ter uma adesão na ordem dos 75% e dos 100%, consoante os estabelecimentos de saúde.

“São estes profissionais que lidam mais tempo com os doentes nos hospitais e a falta de pessoal é enorme”, diz, citado pelo JN, Orlando Gonçalves, dirigente daquela estrutura sindical, a mesma que convocou a paralisação.

Por seu lado, o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares garante que hoje os hospitais públicos têm muito menos recursos humanos do que em 2010, situação que se agravou com a mudança para as 35 horas semanais. Alexandre Lourenço, citado pelo JN, diz ainda que a falta de operacionais sobrecarrega enfermeiros, enquanto a falta de técnicos obriga enfermeiros e médicos a perderem mais tempo com trabalho burocrático.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR