A Cruz Vermelha demarcou-se de uma corrida de galgos coorganizada pela delegação de Vila do Conde e inicialmente marcada para o dia 13 de julho. A decisão, comunicada através da respetiva página de Facebook, surge na sequência da polémica crescente nas redes sociais e surge um dia antes de as corridas de cães serem debatidas na Assembleia da República.

Ao Observador, Francisco George, presidente da Cruz Vermelha, confirmou a decisão de não participar na corrida de galgos, a qual tinha como objetivo angariar fundos para a instituição em causa. “A direção nacional comunicou à delegação de Vila do Conde que não concordava com aquela situação e, portanto, foi retirado esse apoio”, explicou Francisco George.

No comunicado entretanto divulgado pela Cruz Vermelha lê-se que, sendo esta uma entidade “humanitária não-governamental, de carácter voluntário e interesse público”, deliberou-se a não participação “na iniciativa ‘Corrida de Galgos’ anunciada para o próximo dia 13 de julho, em Vila do Conde”.

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Posted by Cruz Vermelha Portuguesa – Pagina Oficial on Monday, July 1, 2019

Rádio Observador. André Silva entrevistado esta terça-feira

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A polémica em torno da corrida de galgos foi primeiramente protagonizada pela associação SOS Animal que, segundo o Diário de Notícias, emitiu um apelo a Francisco George para que este cancelasse a respetiva corrida. No Facebook, a SOS Animal fez saber que recebeu uma resposta por parte da Cruz Vermelha Portuguesa, onde esta afirma “que não é, nem nunca foi, promotora do evento, e que a Cruz Vermelha de Vila do Conde associou-se a este evento, publicitando-o como entidade parceira”.

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Posted by SOSAnimal – Grupo de Socorro Animal de Portugal on Monday, July 1, 2019

Na mesma nota, divulgada ao início da noite de segunda-feira, a SOS Animal escreve ainda:

Lamentamos no entanto que tal atividade seja legal em Portugal e que tenha sido possível associar o bom nome da Cruz Vermelha a uma atividade cruel. Apelamos aos deputados da Assembleia da República que tornem ilegal esta atividade, que na nossa opinião, viola grosseiramente a lei de proteção dos animais vigente em Portugal, uma vez que não estão asseguradas as regras básicas de bem estar animal e a segurança dos mesmos.

Para Sandra Cardoso, presidente da SOS Animal, “não faz qualquer sentido haver corridas de cães em Portugal. “Isto é uma coisa que nos preocupa bastante e que deve ser travada”, disse ao Observador.

Esta terça-feira, dia 2 de julho, as corridas de cães chegam à Assembleia da República, que vai discutir dois projetos de lei apresentados por Bloco de Esquerda e PAN, cujo objetivo é precisamente proibir as corridas de cães (e não apenas galgos). O partido Pessoas-Animais-Natureza pede pena de prisão até dois anos ou multa para os infratores. Segundo a revista Sábado, em Portugal existem seis pistas para corridas de galgos.

Paróquia de Gueifães cancela corrida de galgos

A paróquia de Gueifães, na Maia, cancelou a corrida de galgos que estava prevista acontecer a 20 e 21 deste mês, avança o Jornal de Notícias. O objetivo, à semelhança da corrida cancelada na segunda-feira pela direção nacional da Cruz Vermelha, era angariar fundos para as obras da igreja.

A corrida foi, no entanto, alvo de grande polémica na comunidade, pelo que o padre Orlando Santos escreveu, num texto publicado no Facebook, que “para sossego de tantos ânimos” a “famigerada corrida de galgos” estava cancelada. O jornal já citado destaca o tom irónico da mensagem escrita pelo padre.