Pedro Nuno Santos continua “indignado” com o pagamento de prémios a alguns trabalhadores da TAP, sem o consentimento do acionista Estado, e depois de um ano com elevados prejuízos. Na comissão parlamentar de economia e obras públicas, o ministro das Infraestruturas e Comunicações sublinhou esta terça-feira que já foi criada uma comissão de recursos humanos na empresa para acompanhar a política de atribuição de prémios. Mas também deixou o alerta: “Há muito trabalho a fazer com a TAP. Muito”. E reafirmou que não sabia da situação de pagamentos de prémios de 1,2 milhões de euros a 180 colaboradores. O governante explicou ainda que o mais grave nem foi o valor dos prémios, mas sim a forma como foram decididos.

Pedro Nuno Santos reconheceu também que sem um representante do Estado na comissão executiva “o desencontro ainda é agravado”, daí que o Governo esteja a tentar promover uma melhor relação para assegurar o acompanhamento mais regulador da gestão corrente. E sublinhou que o tema dos prémios só está a ser escrutinado pelo Parlamento— que ainda não conseguiu ouvir o presidente da comissão executiva, Antonoaldo Neves —, porque o Estado está na TAP.

O ministro que ficou com a pasta da TAP há poucos meses, substituindo Pedro Marques, assumiu também que não está satisfeito com o resultado da negociação levada a cabo pelo Governo socialista para recuperar 50% do capital depois da privatização de 64% da empresa, feita pelo anterior Executivo.

“Fizemos uma negociação perante um quadro que entregava a TAP a um privado e que tinha a opção de ficar com 100% ao preço que quisesse”. Perante este contexto, e “porque a TAP precisava de uma recapitalização”, o resultado dessa negociação foi “insatisfatório, mas foi o resultado possível no quadro herdamos” (…) Foi duro, mas importante” porque permitiu ao Estado manter 50% da TAP, defendeu perante as críticas do deputado do CDS, Hélder Amaral.

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Pedro Nuno Santos “atirou-se” ao deputado que pertence a um dos partidos que enquanto esteve no Governo aprovou a venda da maioria do capital da TAP.

“Quando o Estado privatizou, assumiu a dívida passada, presente e futura. E se a TAP entrasse em incumprimento, assumia a responsabilidade. A grande diferença é que estamos (o Estado) na empresa para garantir que a TAP não vai sair de Portugal nunca.” E não apenas durante 30 anos, como previa o acordo estratégico assinado pelo anterior Executivo.

A “indignação” de Pedro Nuno Santos não se fica pelos prémios na TAP, mas também surge em reação à afirmação feita pelo deputado do CDS, quando se soube desta notícia e anunciou a intenção de pedir a vinda “urgente” do ministro ao Parlamento. E recordou palavras de Hélder Amaral, segundo o qual o ministro da tutela sabia dos prémios. “Claro que sabia e andava a enganar o povo português”, para o desmentir.

“A mim nunca me vai apanhar nessa posição”.