Paulo Nunes de Almeida, presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), morreu na manhã desta quinta-feira, no Porto, vítima de doença prolongada. Tinha 60 anos. A notícia foi confirmada no site da FC Porto SAD.

Nunes de Almeida presidia à associação multisectorial sediada na cidade do Porto, desde 2014, tendo sido reeleito para um segundo mandato em 2017, que iria terminar em maio de 2020. Era o 30.º presidente. Na sua última tomada de posse, a 27 de junho de 2017, afirmou: “A AEP nunca foi um peso. Antes pelo contrário, foi a vitamina que me fortaleceu e a adrenalina que me estimulou”. O economista era ainda membro do Conselho Geral da CIP – Confederação Empresarial de Portugal. Antes, tinha liderado a Associação Têxtil e do Vestuário de Portugal.

Sócio n.º 3807, presidia ao Conselho Fiscal do FC Porto e da Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD, desde 2008. Em 2012 tinha sido distinguido com um Dragão de Ouro, na categoria de Dirigente do Ano. “À família enlutada, o FC Porto apresenta as mais sentidas condolências”, pode ler-se no site.

Recentemente, Nunes de Almeida tinha sido condecorado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a Grã-Cruz da Ordem de Mérito Empresarial, pela intervenção enquanto dirigente associativo na defesa das empresas e da economia nacional.

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Num comunicado enviado às redações, a AEP diz que “está de luto”. “Reconhecido nos meios empresariais e políticos pela sua invulgar capacidade de gerar consensos, deixa uma marca forte no associativismo, nomeadamente em áreas fundamentais para a economia portuguesa como a internacionalização, o empreendedorismo e a formação profissional”, escreve a associação. A AEP recorda o economista “como uma figura de referência, cujo trabalho muito contribuiu para a afirmação da imagem das empresas portuguesas. Um ser humano e um profissional que deixa uma marca no mundo empresarial português. À família, a AEP apresenta as mais sentidas condolências e solidariedade.”

Três décadas dedicadas ao associativismo

Nasceu no Porto, a 24 de março de 1959 e era licenciado em Economia. Foi vice-presidente na Associação Nacional dos Jovens Empresários e teve vários cargos diretivos na Associação Comercial do Porto. Chegou à AEP em 2008, como vice de José António Barros.

Tinha três décadas ao serviço do associativismo. Em abril deste ano, em entrevista ao Dinheiro Vivo por alturas do 170.º aniversário da AEP, defendeu que o associativismo “acrescenta valor” à  atividade das empresas. Numa reflexão sobre o setor empresarial, considerou que os recursos humanos eram um dos maiores desafios das empresas, “não só pelas circunstâncias demográficas”, mas também “porque mais de 50% dos trabalhadores por conta de outrem ainda têm, no máximo, o ensino básico.”

Referiu ainda que o momento mais difícil da AEP foi “a grande reestruturação interna” de 2008. “É difícil reestruturar uma instituição e mais difícil quando o ambiente é pouco favorável. Mas fomos bem-sucedidos e estamos satisfeitos. De uma dívida inicial de 98 milhões, fechámos 2018 com menos de 3 milhões”, disse.

Foi o primeiro presidente da Fundação AEP, desde o seu reconhecimento em 13 de agosto de 2010, mas, em abril deste ano, deixou a presidência para Luís Miguel Ribeiro, na altura vice-presidente. “A Fundação nasceu há dez anos e só teve um presidente. Cresceu muito, já tem 81 curadores, todos privados, e é uma instituição com credibilidade. Era chegado o momento de passar a pasta.” Segundo escrevia, na altura, o Expresso, Nunes de Almeida deixou a Fundação com capitais próprios de 3,7 milhões de euros.

Questionado, pelo Dinheiro Vivo sobre o balanço da atual legislatura, Nunes de Almeida reconheceu que “ganhámos um equilíbrio das contas públicas, a melhoria do rating e credibilidade externa”, mas acrescentou: “Eu teria preferido que grande parte desse esforço e dessa evolução tivessem sido acompanhados de uma reestruturação do Estado. Mantemos uma carga fiscal elevada e o que nos tinha sido vendido era que o aumento da carga fiscal era transitório, durante o ajustamento.” O economista criticou, nomeadamente, a elevada carga fiscal sobre as empresas. Já numa entrevista ao Negócios, em janeiro, o dirigente associativo admitiu que o novo valor do salário mínimo nacional era “comportável com a evolução das empresas em 2019”. Alertou ainda para o aumento da contestação social.