O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, disse esta sexta-feira que as manifestações são sinal de vitalidade democrática, mas considerou que os poderes públicos devem ouvir as vozes críticas e avaliá-las.

O chefe de Estado cabo-verdiano comentava assim à imprensa a manifestação realizada esta sexta-feira na ilha de São Vicente pelo movimento cívico Sokols 2017, que, segundo a organização, reuniu mais de 12 mil pessoas, em protesto contra o que dizem ser o “bloqueio governamental” e a “má gestão camarária”.

Jorge Carlos Fonseca notou que, além de São Vicente, já houve manifestações em outros pontos do arquipélago, que disse ver “com naturalidade” e como uma demonstração de vitalidade democrática.

Entretanto, disse que todos – Presidente da República, governantes, autoridades públicas, atores sociais e políticos, comentadores, a imprensa – devem estar atentos e não podem ignorar as manifestações, exigências, reivindicações e críticas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Devemos estar atentos, ouvir essas vozes, avaliá-las e se chegarmos a conclusão que há segmentos de opinião que se traduzem nessa manifestação, que concretizam aspirações legítimas, os poderes públicos têm que ter isso em atenção. É uma espécie de alerta, de chamada de atenção. Isso é importante para as dinâmicas dos processos democráticos. As vozes têm que ser ouvidas”, sustentou.

“Se um número relevante de pessoas se manifesta, ou por emprego, por justiça, por autonomia, pelas regiões, não se deve ignorar, devemos ouvir. Ouvir não quer dizer que estejamos de acordo. Temos que avaliar”, insistiu o chefe de Estado cabo-verdiano.

Dizendo que ouve, pede e lê documentos, Jorge Carlos Fonseca adiantou que recentemente esteve a ler os documentos do Sokols 2017.

Questionado se isso já constitui uma preparação para um encontro com o grupo cívico, o Presidente da República disse que o movimento ainda não lhe pediu audiência, mas que é uma pessoa aberta e tem de dialogar com toda a gente, “mesmo sendo para ouvir ou discordar”.

O protesto desta sexta-feira foi o sexto organizado pelo Sokols em São Vicente, desde o primeiro, há precisamente dois anos, na altura contra o “centralismo exacerbado” no arquipélago.