O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, pediu esta sexta-feira medidas que reduzam as “desigualdades gritantes” entre as ilhas do país, considerando ainda ser necessário unir o mercado, com um sistema de transportes marítimos desenvolvido.

“É de suma importância que o país se envolva, sem parcimónia, na execução de medidas que reduzam as desigualdades gritantes entre as ilhas, porquanto esta disparidade está a transformar-se na desigualdade entre cidadãos pelo condicionamento do percurso, da trajetória possível e desejável para cada um dos nossos concidadãos”, pediu o chefe de Estado, que falava na sessão solene de comemoração do 44.º aniversário da independência do país.

Para Jorge Carlos Fonseca, o país precisa de executar “políticas e medidas que corrijam as desigualdades naturais, ditas suprassociais, e as que não geram e nem agravam desigualdades sociais, antes, pelo contrário, as reduzem”.

O PR cabo-verdiano insistiu, dizendo que o país deve “fazer escolhas que não conduzam à amputação da cidadania” e alertou que as oportunidades de uma criança vão-se reduzindo à medida que se afasta dos principais polos de desenvolvimento.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Na verdade, será preciso que o objetivo da política económica vá para além do crescimento do produto e que os decisores tenham a consciência do papel do Estado no combate a assimetrias regionais e a desigualdades sociais pouco razoáveis”, salientou.

Para Jorge Carlos Fonseca, a pobreza e a desigualdade combatem-se pela criação da riqueza, mas isso só é possível com um sistema de produção diversificado, concebido segundo o princípio da complementaridade entre as ilhas e tendo em conta as potencialidades económica e humana de cada uma delas.

“É disto que falamos quando nos referimos à necessidade de se unir o mercado nacional, sendo o desenvolvimento do sistema de transportes marítimos um dos meios a utilizar para se unificar o mercado”, prosseguiu o chefe de Estado no seu discurso, na sessão que decorreu no salão nobre da Assembleia Nacional cabo-verdiana.

“Na verdade, dificilmente venceremos a pobreza e o desemprego ou teremos um mercado unificado se não promovermos um setor produtivo que seja capaz de satisfazer a procura interna e, gradualmente, aproveitar as portas que se abrem dentro da nossa região económica e da CPLP” (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), insistiu.

O Presidente cabo-verdiano lembrou que a regionalização não foi aprovada na Assembleia Nacional, mas realçou a “importância e enorme relevância” do poder local.

Por isso, considerou que o país não pode “baixar os braços”, e tem de continuar a debater “soluções possíveis e pontos de convergência” que possibilitem alcançar um consenso sobre que tipo de regionalização é o melhor para o país.

“Mas a solução tem de ser encontrada rapidamente para evitar que se aprofundem as desigualdades“, pediu Jorge Carlos Fonseca, para quem é preciso também uma “política de justa repartição da riqueza” em Cabo Verde.

Numa sessão acompanhada pelas mais altas figuras do Estado cabo-verdiano, sociedade civil, corpo diplomático, confissões religiosas, Jorge Carlos Fonseca sublinhou as vantagens e conquistas de 44 anos de independência e pediu que, no próximo ano, nos 45 anos da independência, o 05 de julho seja comemorado “mais junto das pessoas”.